Uma equipa de investigadores do Imperial College, no Reino Unido, desenvolveu, recentemente, um pequeno propulsor de foguetão que funciona com água e que poderá ser utilizado para manobrar pequenos satélites no espaço.
Denomidado Iridium Catalysed Electrolysis CubeSat Thruster ou, na forma abreviada, ICE-Cube Thruster, foi concebido para manobrar as mais pequenas classes de satélites. De acordo com a equipa do Imperial College, o seu funcionamento baseia-se na electrólise, um processo que divide a água em hidrogénio e oxigénio através de uma corrente eléctrica.
No coração do ICE-Cube Thruster, está um electrolisador que funciona com uma corrente de apenas 20 watts. Quando a água é submetida a este processo de electrólise, é dividida em gases de hidrogénio e oxigénio, que servem de propulsor.
O hidrogénio e o oxigénio são então introduzidos numa câmara de combustão e num bocal com menos de 1 mm de comprimento para produzir impulso. Este processo elimina a necessidade de tanques de armazenamento volumosos que contêm propulsores gasosos, normalmente um obstáculo significativo na redução dos sistemas de propulsão.
Segundo o comunicado da Agência Espacial Europeia (ESA), citado pelo portal Zap Aeiou, na fase de testes, o ICE-Cube Thruster atingiu a marca de 1,25 milinewtons de impulso de forma sustentada durante 185 segundos (cerca de três minutos). Os testes foram realizados no âmbito de uma actividade de risco do Programa de Apoio Geral à Tecnologia da ESA, para provar a viabilidade do propulsor.
Os dados recolhidos destas experiências em laboratório vão orientar os próximos passos no desenvolvimento do mini propulsor inovador, que será conduzido pela URA Thrusters (empresa de soluções de propulsão sustentáveis) em colaboração com a Imperial.
O propulsor ICE-Cube foi concebido para satisfazer as necessidades do mercado dos pequenos satélites, que está em rápido crescimento e que consiste principalmente em nanosatélites com peso inferior a 10 quilogramas. Estes satélites em miniatura têm restrições muito rigorosas em termos de tamanho, peso, potência e propulsor, o que dificulta a integração de um sistema de propulsão convencional.
O propulsor ICE-Cube oferece várias vantagens em relação a outros sistemas para pequenos satélites. Em primeiro lugar, utiliza água como propulsor que, além de não ser tóxica, é fácil de armazenar e está amplamente disponível, tem um elevado nível de desempenho, uma vez que o hidrogénio e o oxigénio são os propulsores químicos mais eficientes, e pode ser fabricado utilizando técnicas de microelectrónica, que permitem uma elevada precisão, escalabilidade e baixo custo, requerendo apenas uma fracção da potência de dispositivos de propulsão eléctrica comparáveis, algo que está perfeitamente ao alcance dos nanossatélites.
O artigo científico foi publicado no Journal of Power Sources.