O presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), a maior entidade patronal do País, considerou, esta terça-feira, 19 de Setembro, que a violência armada em Cabo Delgado continua uma “grande preocupação”.
As declarações de Agostinho Vuma acontecem dias após um novo ataque rebelde em Mocímboa da Praia, levantando, assim, receios de instabilidade para a classe empresarial.
“A situação de Cabo Delgado continua a ser a nossa grande preocupação”, disse Agostinho Vuma, acrescentando que decorre um novo estudo para avaliar o impacto actual dos ataques armados para o empresariado que opera naquela província do norte de Moçambique.
Vuma falava numa conferência de imprensa, em Maputo, após um encontro com o embaixador da União Europeia (UE) em Moçambique, Antonino Maggiore, depois de mais um ataque, na última semana, em Mocímboa da Praia, reivindicado pela organização terrorista Estado Islâmico, através dos seus canais de propaganda, uma incursão que deixou, pelo menos, dez mortos numa aldeia do interior do distrito.
Segundo o presidente da CTA, um estudo realizado em 2021 apontou para um impacto negativo, no sector empresarial, de cerca de 90 milhões de dólares em resultado dos conflitos no norte de Moçambique, acrescentando que decorrem iniciativas, também junto da UE, para apoiar “os empresários e dinamizar o negócio” em Cabo Delgado.
“Infelizmente não é um assunto da CTA. Como sector privado, depende muito também da actuação das forças” que combatem a insurgência, frisou Vuma, referindo que o novo estudo do impacto dos conflitos vai ser desenvolvido em função do regresso das comunidades e retoma da actividade económica em algumas regiões.
A nova incursão em Mocímboa da Praia ocorre menos de um mês depois do anúncio, em 25 de Agosto, pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Moçambique, Joaquim Rivas Mangrasse, da eliminação do líder do terrorismo no País, o moçambicano Bonomade Machude Omar, juntamente com outros elementos da liderança do grupo terrorista.
O líder extremista era descrito por vários especialistas como “uma simbiose entre brutalidade e justiceiro”, constando da lista de “terroristas globais” dos Estados Unidos e alvo de sanções da União Europeia.
A província de Cabo Delgado tem vindo a ser afectada por um conflito desde 2017 que aterroriza as populações. Grupos de rebeldes armados têm pilhado e massacrado aldeias e vilas um pouco por toda a província e uma variedade de ataques foi reivindicada pelo ‘braço’ do autoproclamado Estado Islâmico naquela região. O conflito já provocou mais de 4000 mortes (dados do The Armed Conflict Location & Event Data Project) e pelo menos um milhão de deslocados, de acordo com um balanço feito pelas autoridades moçambicanas.