Liderada pelo professor Ardemis Boghossian, uma equipa de cientistas da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, conseguiu manipular, geneticamente, a Escherichia coli ou E. coli (uma bactéria bacilar que se encontra normalmente no trato gastrointestinal inferior dos organismos de sangue quente) para gerar electricidade.
“Embora existam micróbios exóticos que produzem electricidade naturalmente, estes só o podem fazer na presença de produtos químicos específicos. A E. coli pode crescer numa vasta gama de fontes, o que nos permitiu produzir corrente numa grande variedade de ambientes, incluindo a partir de águas residuais”, disse Ardemis Boghossian. “Fizemos a engenharia genética da bactéria E. coli, o micróbio mais estudado, para gerar electricidade”, concluiu.
De acordo com o portal Inovação Tecnológica, a alimentação de bactérias a partir de águas residuais significa que a descoberta pode dar frutos em bioelectrónica, gestão de resíduos, células de combustível microbianas, electrossíntese ou mesmo como biossensores.
A bactéria E. coli, um elemento básico da investigação biológica, foi geneticamente manipulada para criar electricidade através de um processo conhecido como transferência extracelular de electrões (EET).
Ao integrar componentes da Shewanella oneidensis MR-1, uma bactéria famosa por gerar electricidade, mas difícil de cultivar, na E. coli, os investigadores construíram, com sucesso, uma via optimizada que cobre as membranas interna e externa da célula bacteriana. A criação de uma via completa de TEE na E. coli é um feito nunca antes alcançado, e esta nova via superou as anteriores abordagens parciais, levando a um aumento de três vezes na geração da corrente eléctrica, em comparação com as estratégias convencionais.
As experiências mostraram um aumento de 54% na transferência de electrões pela E. coli modificada. O resultado são “micróbios eléctricos” altamente eficientes, capazes de produzir electricidade enquanto metabolizam uma variedade de substratos orgânicos, como as águas residuais libertadas após utilização doméstica ou industrial.
A equipa chegou mesmo a testar as suas bactérias na água libertada por uma fábrica de cerveja. “Os micróbios eléctricos exóticos nem sequer conseguiram sobreviver, enquanto as nossas bactérias eléctricas de bioengenharia floresceram exponencialmente ao alimentarem-se destes resíduos”, afirmou Boghossian.