O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, admitiu esta segunda-feira, 18 de Setembro, o risco de os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) serem deixados para trás, apelando a um plano de resgate global.
No arranque do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América (EUA), António Guterres observou que “apenas 15% das metas dos ODS estão no caminho certo para serem alcançadas até 2030 e que existe até uma regressão em alguns dos objectivos”.
“Ao invés de não deixarmos ninguém para trás, corremos o risco de deixar para trás os ODS. Excelências, os ODS necessitam de um plano de resgate global”, disse António Guterres aos líderes mundiais presentes da sala da cimeira.
A ONU espera alcançar durante este fórum, um novo compromisso por parte de todos os líderes globais, que ficará consolidado numa declaração de intenções que está em discussão e foi aprovada nesta segunda-feira (18).
Com esta declaração política, o responsável da ONU disse sentir-se profundamente encorajado, especialmente tendo em conta o compromisso a que se propõe de melhorar o acesso dos países em desenvolvimento ao financiamento necessário para avanços nos ODS.
“Isto inclui o apoio a um estímulo dos ODS de pelo menos 500 mil milhões de dólares por ano, bem como um mecanismo eficaz de alívio da dívida que apoia suspensões de pagamentos, prazos de empréstimos mais longos e taxas mais baixas”, indicou o líder da ONU. Inclui também um apelo à recapitalização e à mudança do modelo de negócio dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, para que possam mobilizar massivamente o financiamento privado a taxas acessíveis em benefício dos países em desenvolvimento.
A declaração engloba ainda o apoio a uma reforma da actual arquitectura financeira internacional desactualizada, disfuncional e injusta, numa junção de compromissos que o secretário-geral acredita que poderá ser um divisor de águas na aceleração do progresso dos ODS.
Aos líderes presentes no fórum, o responsável das Nações Unidas apontou ainda seis áreas específicas onde são necessárias transições urgentes, começando pela acção contra a fome.
“No nosso mundo de abundância, a fome é uma mancha chocante na humanidade e uma violação épica dos direitos humanos”, afirmou António Guterres, dirigindo-se aos líderes, sublinhando que “o facto de milhões de pessoas estarem a passar fome no nosso tempo é uma acusação a cada um de nós”.
Em segundo lugar, o chefe da ONU indicou que “a transição para as energias renováveis não está a acontecer com a rapidez suficiente e, em terceiro, que os benefícios e oportunidades da digitalização não estão a ser suficientemente divulgados”.
A elevada quantidade de crianças e jovens vítimas de uma educação de má qualidade ou sem qualquer acesso à educação é a quarta área apontada por António Guterres que colocou o acesso ao trabalho digno e à protecção social em quinto lugar.
Por último, o secretário-geral da ONU instou ao fim da tripla crise planetária: alterações climáticas, poluição e perda de biodiversidade.
António Guterres fez questão de frisar que “os ODS não são apenas uma lista de objectivos, mas que carregam as esperanças, sonhos, aspirações e as expectativas das pessoas em todos os lugares”, e acrescentou que “proporcionam o caminho mais seguro para alcançar as obrigações no âmbito da Declaração Universal dos Direitos Humanos”.
A 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGA 78, na sigla inglesa) arrancou esta segunda-feira, em Nova Iorque, EUA, com dezenas de chefes de Estado e de Governo de todo o mundo.
De acordo com dados oficiais, ao longo desta semana estarão presentes na UNGA 78, chefes de Estado, seis vice-presidentes, 48 chefes de Governo, quatro vice-primeiros-ministros e 35 ministros dos Negócios Estrangeiros, além de outros membros de Executivos.
Já a Cimeira dos ODS, a decorrer entre os dias 18 e 19 de Setembro, um dos eventos mais importantes de toda a semana, marca um ponto intermédio dos ODS rumo a 2030.