O Programa Alimentar Mundial (PAM) reduziu a assistência a pelo menos 418 630 pessoas vítimas da violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, devido à incapacidade financeira, anunciou a agência da ONU.
Num relatório citado pelo jornal notícias, o PAM referiu que tem estado a distribuir uma quantidade reduzida de alimentos desde Abril de 2022, passando a assistir à população com base no grau de vulnerabilidade em pelo menos quatro distritos de Cabo Delgado.
“A insegurança alimentar aguda tem aumentado nos últimos anos na região norte à medida que o conflito e os deslocamentos recorrentes, somados a choques climáticos e económicos, continuam a perturbar as actividades agrícolas e o poder de compra das comunidades”, refere a organização.
Neste sentido, em coordenação com as autoridades locais, o PAM pretende, de forma gradual, alargar a assistência por critério de vulnerabilidade para mais cinco distritos da província.
Em Fevereiro, o PAM suspendeu a ajuda de emergência a mais de um milhão de pessoas afectadas pela violência armada no norte de Moçambique também devido à falta de fundos.
A organização referiu ainda que ofereceu cursos a 1368 pessoas para estimular o auto-emprego, notando que pelo menos 690 400 pessoas enfrentam níveis de insegurança alimentar de crise conforme a avaliação da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar.
A organização acrescentou ainda que está a trabalhar em coordenação com o Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD), para activação e implementação de planos de mitigação face ao risco de ocorrência de secas em várias regiões de Moçambique.
A província de Cabo Delgado tem vindo a ser afectada por um conflito desde 2017 que aterroriza as populações. Grupos de rebeldes armados têm pilhado e massacrado aldeias e vilas um pouco por toda a província e uma variedade de ataques foi reivindicada pelo ‘braço’ do autoproclamado Estado Islâmico naquela região. O conflito já provocou mais de 4000 mortes (dados do The Armed Conflict Location & Event Data Project) e pelo menos um milhão de deslocados, de acordo com um balanço feito pelas autoridades moçambicanas.