O líder do Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projectos (UNOPS), Jorge Moreira da Silva, admitiu esta segunda-feira, 18 de Setembro, a possibilidade de alargar, além de 2025, o apoio aos refugiados em Cabo Delgado, orçado em 200 milhões de dólares.
“O projecto é considerado exemplar em termos de concretização. Admito que venha a precisar de uma extensão e acho, aliás, altamente provável que seja necessário ir além de 2025”, afirmou Jorge Moreira da Silva, questionado pelos jornalistas após reunir-se, em Nova Iorque, com o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, à margem da 78.ª reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Segundo a agência Lusa, desde 2022 que a UNOPS lidera a execução do apoio a mais de um milhão de refugiados de todos os distritos de Cabo Delgado, afectada pelos ataques terroristas nos últimos sete anos, no valor de 200 milhões de dólares (cerca de 187 milhões de euros) financiado pelo Banco Mundial e destinado a projectos de desenvolvimento e humanitários na região.
Trata-se do maior projecto humanitário em curso no País e o maior em desenvolvimento pela UNOPS em África, actuando na qualidade de vida das pessoas que fugiram ao conflito, e bem-estar das populações de acolhimento, mas também na reabilitação e construção de infra-estruturas na área do saneamento, da água, da energia, da saúde e da educação, e que deverá ser prolongado.
“Não porque estejamos a derrapar, pelo contrário, as coisas estão a ser concretizadas em tempo útil e de uma forma eficiente, mas porque as necessidades são maiores. Nós sabemos que as necessidades da população naquela região, e o contexto associado, precisam de uma resposta que vá além em 2025. Portanto, espero sinceramente que, com o Banco Mundial e com o Governo de Moçambique, a UNOPS possa ir além de 2025”, reconheceu, anunciando que após ter recebido o convite do chefe de Estado moçambicano pretende visitar Cabo Delgado.
“Para conhecer, em termos práticos, as necessidades e perspectivar formas de ir além de 2025, já que envolve o desenvolvimento da economia e a criação de emprego. Por isso, é um projecto que tem uma perspectiva de médio prazo. Não é um projecto que termina num ano”, apontou o responsável do UNOPS, que lidera vários parceiros a implementar projectos de acção humanitária.
No encontro com o chefe de Estado moçambicano, Jorge Moreira da Silva assumiu ainda o objectivo de alargar os projectos no País: “nós estivemos a conversar sobre outros projectos, nomeadamente no sector da energia. Moçambique é um dos países do mundo com maior potencial de crescimento da energia solar, mas, ao mesmo tempo, existe ainda muita população sem acesso à electricidade. Precisamos de energia limpa para todos e tal pressupõe valorizar os recursos endógenos, neste caso a energia solar. E esta é uma área onde estamos muito interessados numa parceria com o Governo”, acrescentou.
“Recebi o convite do senhor Presidente da República para me deslocar muito em breve a Moçambique para ver o desenvolvimento dos projectos já em curso e também para discutir novos projectos. Fico muito contente que, sendo a UNOPS a maior agência com presença em Moçambique, o Governo de Moçambique veja como positivo o nosso trabalho”, apontou.