O antigo chefe de Estado moçambicano, Joaquim Chissano, defendeu esta segunda-feira, 18 de Setembro, uma coesão social efectiva no País para evitar recrutamento de jovens para as fileiras dos grupos terroristas no norte de Moçambique.
“Precisamos de uma coesão social efectiva para que os nossos jovens e membros das comunidades não sejam engajados na causa terrorista”, disse Joaquim Chissano, citado pela agência Lusa, durante a conferência nacional sobre “Paz, Segurança, Reconciliação e Desenvolvimento”, que decorre em Maputo.
O ex-estadista moçambicano considerou a coesão social um elemento relevante no contexto de conflitos e insegurança que se vive no País, referindo que o conceito contribui para a edificação de mecanismos de resiliência das comunidades face à violência.
Para Joaquim Chissano, Moçambique enfrenta um inimigo ainda oculto, que não apresenta as suas reivindicações, lideranças ou objectivos. “Isso é um modelo do chamado terrorismo oculto, onde não se apresenta uma agenda, mas há actos terroristas contínuos contra as populações e instituições”, referiu o antigo Presidente de Moçambique.
A província de Cabo Delgado enfrenta há quase sete anos uma insurgência armada, com ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
No terreno, em Cabo Delgado, combatem o terrorismo as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde Julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
De acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, e cerca de quatro mil mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.