A consultora Ernst & Young e a agência New Faces New Voices (NFNV), da Fundação Graça Machel Trust, lançaram o “Be Like a Woman”, uma iniciativa que pretende contribuir para um ambiente de negócios mais equitativo. Pretende-se dar novas ferramentas às mulheres que ocupam posições de liderança intermédia ou que se assumem como empreendedoras de média dimensão. Como actua?
O “Be Like a Woman” carrega, essencialmente, três objectivos: assegurar que as mulheres estejam cada vez mais bem preparadas para integrar o mundo corporativo e que a sua relevância e o seu papel sejam reconhecidos nessa esfera; municiar as mulheres de ferramentas para, cada vez mais, conseguirem alcançar posições de decisão em grandes corporações – e, portanto, ocuparem lugares nas mesas dos conselhos de administração das empresas, influenciar as decisões de modo que garantam que as corporações sejam cada vez mais inclusivas (primeiro, na representatividade dos seus decisores, mas também nas decisões que tomam para colaboradores, clientes e comunidade em geral); e consciencializar a sociedade sobre estes desafios e, principalmente, sobre as conquistas e realizações que as mulheres permitem às empresas alcançar.
O primeiro ciclo do programa decorre desde Julho até Novembro. As participantes, mulheres com idade mínima de 28 anos, terão acesso a um conjunto de ferramentas e mentoria, como master classes sobre liderança e gestão de negócios, com especialistas espalhados pelo mundo em posições de topo; acesso à rede da EY Women Network, presente em mais de 150 países, e acesso à rede Graça Machel Trust, através da New Faces New Voices, presente em cerca de 20 países africanos.
A actividade primordial do programa é fomentar iniciativas que garantam que outras mulheres e homens possam estar envolvidos e, juntos, ajudem a consolidar projectos de transformação social liderados por si. Para tal, serão assistidas pelos mentores e pela equipa “Be Like a Woman”, de forma que inspirem e consciencializem outras mulheres e a sociedade no geral a valorizar o trabalho feminino.
Um dos vectores de intervenção da EY ao nível global é a aceleração da presença feminina no mercado e, para isso, possui diversos programas
Para além de obter conhecimento nas matérias de liderança e gestão de negócios, conforme o programa de formação, as participantes serão também desafiadas a difundir o conhecimento adquirido e gerar impacto noutras vidas, seja de mulheres ou homens, por forma que também possam alcançar o seu pleno potencial.
Glayds Gande, gestora sénior de consultoria na EY e mentora desta iniciativa, refere que “os critérios de avaliação do desempenho no programa estarão em torno da assiduidade nas actividades do mesmo, no nível de influência e no impacto gerado. Estaremos a avaliar a evolução e impacto criado pelas participantes, fazendo uso das ferramentas que o programa oferece, desde as sessões de formação, master classes com altos executivos, às sessões de mentoria”.
Parceria, Intervenção e Sustentabilidade Laboral
A parceria entre a EY e a agência New Faces New Voices (NFNV), da Fundação Graça Machel Trust, afigura-se estratégica, como um cruzar de forças, porque uma das missões da EY é “construir um mundo de negócios melhor e acreditamos que tal passa por valorizar, reconhecer e capacitar as mulheres”, diz Paulo Reis, responsável pelo escritório da EY Moçambique.
Por seu turno, Henriqueta Hunguana, representante da NFNV Moçambique, afirma que esta organização tem como visão “lutar pelo aumento do número, visibilidade e impacto da liderança feminina no sector financeiro”. A responsável realça que “a parceria com a EY para o ‘Be Like a Woman’ trará algo de inovador, uma vez que olharemos também para as características inerentes à mulher como um factor diferenciador para o alcance da transformação social que tanto almejamos”.
A EY carrega a grande ambição de construir “um mundo de negócios melhor” de diversas formas, desde melhorar os modelos de gestão e de negócios dos clientes, assim como ajudar governos e outras entidades de relevância no desenho e na implementação de políticas e regulamentação que optimizem o ambiente de negócios, até à capacitação dos diversos intervenientes no ecossistema de mercado.
Um dos vectores de intervenção da EY ao nível global é a aceleração da presença feminina no mercado e, para isso, a firma possui diversos programas, nomeadamente a promoção das mulheres nas tecnologias, no sector da energia e de infra-estruturas e na gestão e liderança de negócios.
Globalmente, programas como o EY Entrepreneurial Winning Women e EY Entrepreneur of the Year têm-se mostrado bastante relevantes para a construção de um mundo de negócios melhor e, no caso de Moçambique, a aposta é na iniciativa “Be Like a Woman”, que parece encaixar-se melhor no contexto local e na estratégia global da consultora.
A New Faces New Voices do Graça Machel Trust nasce inspirada na forma como foi abordada a crise financeira que afectou o mundo na década 1990, quando se constatou que as soluções eram apenas discutidas por homens, embora as mulheres tenham sido tão ou mais afectadas por essa crise.
Texto Filomena Bande • Fotografia Mariano Silva