“A investigação mostra que é demasiado tarde para salvar o gelo marinho de verão do Ártico, e os cientistas dizem que temos de nos preparar para os fenómenos meteorológicos extremos que provavelmente ocorrerão em todo o Hemisfério Norte.” É com esta notícia sombria que começa um artigo do The Guardian, numa alusão às conclusões de um estudo baseado em observações de satélite e análises de atribuição, publicado na revista Nature Communications.
Há décadas que, à medida que o nível de CO2 na atmosfera aumenta, conduzindo a uma subida da temperatura, o gelo marinho que flutua no oceano Ártico tem vindo a diminuir e a reduzir a sua extensão. Estudos anteriores já tinham tentado prever quanto tempo demoraria até que não houvesse gelo marinho no Ártico no final do Verão. De acordo com o novo estudo, que avalia vários cenários, mesmo que as emissões de gases com efeito de estufa diminuam lentamente, o primeiro Setembro sem gelo poderá ocorrer já em 2030, “cerca de dez anos mais cedo do que os investigadores tinham previsto anteriormente”, insiste o New York Times.
“Podemos certamente esperar ver verões sem gelo no Ártico. Tal como as coisas estão, parece inevitável”, comentou Mark Serreze, director do Centro Nacional de Dados sobre a Neve e o Gelo, em Boulder, EUA, ao Washington Post.
“A questão sempre foi saber quando é que isso vai acontecer”. De acordo com o novo estudo, “90% do degelo é resultado do aquecimento global provocado pelo Homem, sendo o restante resultado de factores naturais”, refere o The Guardian. Estudos anteriores mostraram também que o extremo norte já aqueceu quatro vezes mais depressa do que a média global, um fenómeno conhecido como “amplificação do Ártico”, o qual deverá acelerar ainda mais.
“A amplificação do Ártico vai ser mais rápida e mais forte”, adverte Seung-Ki Min, climatologista da Universidade de Tecnologia de Pohang, na Coreia do Sul, e co-autor do estudo, ao New York Times. Isto significa que as repercussões também serão mais rápidas, porque os efeitos da falta de gelo marinho no final do Verão no Pólo Norte vão estender-se muito para além desta região. O que se avizinha, alertam os investigadores, é um aumento dos fenómenos meteorológicos extremos que se verificam actualmente, como as vagas de calor, os incêndios florestais e as inundações.