A consultora sul-africana chamada pelo Governo moçambicano para gerir a empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) reconheceu esta quinta-feira, 14 de Setembro, que os clientes deviam à companhia aérea de bandeira, em Junho, 1,2 mil milhões de meticais, incluindo a Frelimo, partido no poder.
A sul-africana Fly Modern Ark (FMA) foi chamada a gerir a LAM em Abril, face à situação financeira da companhia, e a administração admitiu ontem, num encontro, com jornalistas, em Maputo, que encontrou dívidas inicialmente de 1,7 mil milhões de meticais.
“Entretanto foram feitas cobranças, planos de pagamento de dívidas e reconciliação de contas”, esclareceu no mesmo encontro a responsável pela administração financeira e contabilística na gestão da FMA na LAM, Zita Joaquim, admitindo que as dívidas são de empresas públicas e privadas, Ministérios, Forças Armadas, instituições públicas e outras.
Questionada pelos jornalistas, a responsável admitiu que só uma empresa, que não identificou, devia à companhia aérea quase 50 milhões de meticais.
No caso da Frelimo, partido no poder, a fonte reconheceu que “é uma das entidades que está fora da lista de voos a crédito”, face a uma dívida inicial que se cifrou em 22 milhões de meticais, dos quais pagou, entretanto, cinco milhões de meticais, embora reconhecendo que este é um problema também da responsabilidade da companhia, por ter deixado acumular estes valores em atraso.
“Mas a lista de entidades é grande”, sublinhou Zita Joaquim, admitindo que desde Junho outros valores foram regularizados, mas preferindo não revelar o actual montante em dívida, até porque também encontraram casos comprovados de pagamentos feitos por clientes que não estavam regularizados nas contas da companhia e que ainda estão por apurar.
A FMA assumiu a gestão da companhia aérea estatal em Abril e reconheceu que a LAM tinha uma dívida estimada em cerca de 300 milhões de dólares, de acordo com dados fornecidos na altura.
A estratégia em curso, de revitalização da empresa, segue-se a anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimento, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à ineficiente manutenção das aeronaves.