A empresa sul-africana colocada pelo Governo moçambicano a gerir a LAM afirmou esta quinta-feira, 14 de Setembro, que encontrou na transportadora aérea estatal situações de “corrupção”, fornecimento de serviços acima dos valores de mercado e outros sem contratos, responsabilizando os administradores.
Num encontro, ontem, com jornalistas, em Maputo, o director-executivo da sul-africana Fly Modern Ark (FMA), Theunis Crous, afirmou que os antigos gestores da empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) “geriam a companhia como queriam”, escusando-se a revelar se estes casos foram ou não participados às autoridades competentes, como a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Theunis Crous revelou, contudo, que a FMA está a preparar um relatório “exaustivo” destas práticas e que alguns desses administradores permanecem na companhia e apresentaram “resistência à mudança”. A fonte descreveu mesmo que algumas dessas pessoas “deitaram a companhia abaixo”.
Em Abril, as fortes dificuldades financeiras levaram o Governo a colocar a companhia de bandeira moçambicana sob gestão da FMA.
Entre outras situações reveladas por Theunis Crous está um alegado aumento de remuneração decidido pela então administração, para os próprios administradores, aprovado em Janeiro último, de 100 mil meticais por mês, “quando o Governo procurava uma solução para a gestão” da LAM.
“Parámos imediatamente com isso”, disse ainda, garantindo que esses administradores foram chamados a devolver esses pagamentos recebidos de Janeiro a Maio.
O gestor acrescentou que encontraram casos de aeronaves fretadas por valores muito acima dos de mercado, serviços prestados à LAM que além dos preços altos não ofereciam qualidade, como o ‘catering’, e outros pagos sem facturação ou contratos.
“Quando chegámos estava um Boeing há sete meses em Joanesburgo numa reparação que devia ter sido feita em 30 dias”, exemplificou ainda, exigindo responsabilidades, mas garantindo que a LAM é viável.
“O maior activo da companhia é a lealdade dos moçambicanos à marca LAM que, apesar dos problemas, voltam sempre”, admitiu Theunis Crous.
“Na África do Sul, as companhias na mesma situação [financeira, da LAM] foram todas encerradas. Temos aqui uma oportunidade”, defendeu, acrescentando acreditar que aquela companhia aérea pode ser um “importante ‘player’” na região.
A FMA revelou anteriormente que a LAM reduziu a sua dívida em 61,6 milhões de dólares, desde Abril, face aos 300 milhões de dólares então reconhecidos.
Entretanto, na gestão sul-africana, a empresa registou um aumento de 24% no número de passageiros transportados, para mais de 56 mil, e subiu a receita de voos em 10%, para 671 milhões de meticais.