Os Estados Unidos da América (EUA) anunciaram esta quarta-feira, 13 de Setembro, em Joanesburgo, na África do Sul, a disponibilização de cerca de mil milhões de dólares para o desenvolvimento multissectorial do corredor logístico do Lobito para ligar Angola à República Democrática do Congo (RdC) e à Zâmbia, na África Austral.
“Já alocámos cerca de mil milhões de dólares só em Angola para começar a fazer parte deste trabalho e continuaremos a expandir o que essa oferta implica em vários sectores”, disse a funcionária governamental norte-americana, Helaina Matza.
Em conferência de imprensa virtual organizada a partir da representação diplomática consular na capital económica sul-africana, Helaina Matza destacou que “o projecto pretende ser multissectorial”, sublinhando que “a iniciativa se realizará até 2028 em parceria com a União Europeia (UE), estando o investimento europeu ainda por definir”.
Os países africanos anunciaram recentemente, à margem da Cimeira do G20, na Índia, o compromisso de desenvolver o Corredor do Lobito, que liga o sul da RdC e o noroeste da Zâmbia aos mercados comerciais regionais e internacionais através do porto marítimo do Lobito, em Angola, segundo as autoridades norte-americanas.
“A principal preocupação e interesse neste momento é garantir que estamos a fazer tudo o que podemos para ajudar a dar continuidade ao caminho-de-ferro de uma forma que realmente entre na Zâmbia e traga essa conectividade adicional para Angola, e uma rota para o porto. Isso levará algum tempo e julgo que temos um bom plano em andamento para ajudar a apoiar esses esforços”, explicou Helaina Matza à imprensa.
Nesse sentido, apontou o fim deste ano como a data para o início de um estudo de viabilidade do projecto regional africano em coordenação com os governos de Angola, RDCongo e Zâmbia.
Na óptica do Governo dos EUA, a nova linha ferroviária que liga a Zâmbia ao porto do Lobito será o maior investimento individual dos EUA e da UE no continente africano numa geração, visando desbloquear o enorme potencial existente no sector da ferrovia na África Subsaariana.
“Achamos que é bastante significativo que a União Europeia se tenha juntado a nós e dito que não só estamos a fazer isto ao lado dos EUA, mas também estamos a elevar isto como uma prioridade”, frisou a funcionária governamental norte-americana.
Além da infra-estrutura ferroviária, Helaina Matza indicou que “o projecto irá integrar também o desenvolvimento de comunicações móveis 5G assim como projectos na área das energias renováveis, nomeadamente solar, nos três países da região Austral do continente africano.
“Grande parte do investimento na infra-estrutura, a pedido dos vários governos que fazem parte deste grupo, visa melhorar a conectividade através das suas fronteiras em todas as direcções entre a Zâmbia e a RdC e, claro, Angola e Zâmbia”, salientou Helaina Matza, sublinhando que “também podemos pensar em diferentes maneiras de apoiar essa implantação e chegar a acordos comerciais mais interessantes, sendo capazes de trazer algumas das empresas que já operam na nossa área estratégica, nomeadamente empresas de mineração, mas esperamos que alguns agro-negócios adicionais e outras indústrias aproveitem essas rotas”.