O Purchasing Managers Index™ (PMI™) do Standard Bank revelou que a actividade empresarial em Moçambique desceu para o valor mais baixo dos últimos sete meses – de 51,9 pontos em Julho, o valor mais alto dos últimos 13 meses, para o índice básico de 50,4, em Agosto.
Os dados constam no Relatório Mensal consultado esta terça-feira, 12 de Setembro, pelo DE, destacando, igualmente, que as taxas de expansão de actividades e de novos negócios também registaram uma diminuição depois dos recordes observados em Julho.
Segundo o Standard Bank, o principal valor calculado pelo inquérito é o Purchasing Managers’ Index™ (PMI™), no qual valores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas no mês anterior, ao passo que valores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração.
“A redução do PMI provocou um abrandamento significativo no crescimento de novos negócios, que registou o valor mais baixo do actual período de expansão de sete meses. Diversos membros do painel indicaram dificuldades na aquisição de novos trabalhos, embora outros tenham conseguido obter novos clientes. No entanto, é de salientar que a subida mais fraca das vendas se seguiu à recuperação mais sólida dos últimos 14 meses no mês de Julho”, refere o relatório.
De acordo com o Standard Bank Moçambique, apontando o índice PMI, as empresas moçambicanas registaram, no período em análise, uma menor pressão em relação às despesas uma vez que a ligeira descida dos preços de compra ajudaram a compensar um novo aumento dos salários. Por isso, “as empresas voltaram a registar um aumento dos preços de venda, embora de forma moderada”.
Para o economista-chefe do Standard Bank de Moçambique, Fáusio Mussá, esta desaceleração reflecte principalmente uma descida acentuada do crescimento da produção e de novas encomendas, mas com a criação de postos de trabalho a registar um aumento moderado. Além disso, “os preços de venda e dos meios de produção aumentaram, mas de forma mais lenta, sugerindo um novo alívio da inflação”.
“Ainda assim, tendo permanecido acima do valor de referência de 50, o PMI de Agosto sugere que a actividade económica continua a recuperar gradualmente”, frisou Mussá.
O economista-chefe do Standard Bank de Moçambique explicou ainda que, no primeiro semestre de 2023, observou-se, no geral, uma política mais restritiva, traduzida num aumento pronunciado dos coeficientes de reserva obrigatória, que se espera que produza o efeito desejado de uma desaceleração da inflação nesta segunda metade do ano, mas acompanhada de uma desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) que excluiu o sector dos recursos naturais. Não obstante, “a inflação que se situou em 5,7% em Julho, em termos homólogos, deve ter descido para 5,5%, anualmente, em Agosto, num contexto de estabilidade cambial e da descida sazonal da inflação dos alimentos”.
Neste sentido, Fáusio Mussá considera que o efeito combinado da política monetária e das medidas de contenção fiscal aplicadas, para resolver as questões da massa salarial e as pressões da dívida doméstica do Estado, poderá resultar numa desaceleração adicional do crescimento do PIB fora do sector dos recursos naturais ao longo deste ano.
“O crescimento do PIB, excluindo os recursos naturais, desacelerou para 2,6% no primeiro semestre de 2023, em termos homólogos, após um crescimento de 3,4% no segundo semestre de 2022 e 4,3% no primeiro semestre de 2022. Nesta altura parece inevitável um crescimento mais lento do PIB excluindo o sector dos recursos naturais, para ajudar a aliviar as pressões associadas à liquidez em moeda externa, promovendo, assim, a manutenção da estabilidade do metical, num contexto de reformas em curso no mercado cambial, e de uma desaceleração adicional da inflação”, concluiu.