O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) alertou esta terça-feira, 12 de Setembro, para o aumento das emissões de gases poluentes num grande número de países em desenvolvimento.
Num novo relatório do organismo que avalia o progresso dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) revela-se que 72 de um total de 95 países em desenvolvimento inquiridos aumentaram as emissões nos últimos três anos. Destes, 38 aumentaram as emissões em mais de 10%.
No entanto, os níveis de pobreza mantiveram-se inalterados ou até aumentaram em 72 dos 95 países, o que, para o PNUD, mostra que o tipo de crescimento económico que grande parte do mundo está a experimentar está longe do que as Nações Unidas propuseram em 2015 com a adopção dos ODS.
“O que descobrimos durante a pesquisa é que muitos países voltaram a uma trajectória de recuperação”, disse o administrador do PNUD, Achim Steiner, durante uma conferência de imprensa.
Esta trajectória, explicou Achim Steiner, “centra-se na criação de emprego e na melhoria dos salários, bem como na resolução de crises, mas, a longo prazo, acaba por conduzir os países a um caminho de desigualdade e endividamento”.
Como solução, o organismo propõe que as prioridades dos governos sejam alinhadas com combinações específicas dos ODS, como a construção de infra-estruturas sustentáveis ou a inclusão das mulheres no mercado de trabalho.
Um dos exemplos citados no relatório é o do Butão, onde a rápida urbanização do território levou as autoridades a concentrarem-se na construção de infra-estruturas sustentáveis como forma de fazer face aos riscos enfrentados pela população face às catástrofes naturais provocadas pela crise climática.
O mesmo se pode dizer, salientou Achim Steiner, que “no Chile e na Costa Rica, onde a transição para uma economia descarbonizada está a abrir caminho a um crescimento mais justo e sustentável”.
No entanto, toda esta demonstração de boas intenções esbarra na situação de endividamento em que se encontram muitos destes países.
O administrador do PNUD recordou que, em 2022, os países em desenvolvimento pagaram um total de 400 mil milhões de dólares de juros sobre a dívida pública, quando receberam 473 mil milhões de dólares das instituições de crédito.
Para enfrentar o problema, o responsável recordou a proposta do secretário-geral da ONU, António Guterres, de implementar um plano de estímulo para os ODS, que serviria, entre outras coisas, para reduzir o custo do capital para os países em desenvolvimento ou para estimular o investimento privado.