O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse esta quinta-feira, 31 de Agosto, que enviou uma carta ao chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, com um conjunto de propostas para repor o Acordo dos Cereais do Mar Negro.
“Apresentámos um conjunto de propostas concretas numa carta que enviei ao ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, que permitem criar as condições para a renovação da iniciativa do Mar Negro. Acreditamos que essa iniciativa dá um contributo muito importante para tornar os mercados alimentares mais condizentes com os nossos objectivos de segurança alimentar”, disse António Guterres aos jornalistas, na sede da ONU, em Nova Iorque.
De acordo com o líder da ONU, foram levados em consideração os pedidos russos para reatar o acordo, pelo que a proposta apresentada poderá ser a base para uma renovação, mas uma renovação que deve ser estável.
“Não podemos ter uma iniciativa no Mar Negro que passe de crise em crise, de suspensão em suspensão. Precisamos de ter algo que funcione e que funcione para o benefício de todos”, sublinhou o secretário-geral.
A 17 de Julho, Moscovo suspendeu o acordo de exportação de cereais através do Mar Negro a partir dos portos ucranianos, inicialmente assinado em Julho de 2022 com a mediação da Turquia e da ONU.
Na ocasião, Moscovo assegurou que o fazia pela impossibilidade de exportar os seus cereais e fertilizantes, pelo bloqueio dos seus pagamentos bancários e congelamento dos seus activos no estrangeiro.
António Guterres, que desde o início da guerra na Ucrânia teve como uma das suas principais prioridades a implementação e bom funcionamento deste acordo, reforçou, esta quinta-feira, ser de extrema importância a sua renovação, especialmente devido ao seu contributo para a redução dos preços dos alimentos à escala global.
Apesar de não ter entrado em pormenores, o representante da ONU indicou ter proposto algumas soluções concretas para as preocupações russas em relação à exportação dos seus alimentos e fertilizantes para os mercados globais.
“Acredito que, trabalhando seriamente, podemos ter uma solução positiva para todos, para a Ucrânia, para a Federação Russa, mas, mais importante do que tudo o resto, para o mundo, num momento em que tantos países enfrentam enormes dificuldades em relação à garantia da segurança alimentar das suas populações”, defendeu o líder das Nações Unidas.
Na conferência de imprensa, António Guterres aproveitou ainda para abordar a semana de alto nível da 78.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, que decorrerá em Setembro em Nova Iorque e onde estarão reunidos chefes de Estado e de Governo de dezenas de países, com a guerra na Ucrânia a voltar a estar em foco.
Apesar de garantir que nunca perde a esperança, o secretário-geral da ONU afirma que “estaria a mentir se dissesse que acredita numa possibilidade de paz na Ucrânia no horizonte imediato”, acrescentando que “acho que ainda não chegámos lá. E é por isso que é tão importante tomar medidas para reduzir os impactos dramaticamente negativos desta guerra em relação ao mundo”.