A Fly Modern Ark, consultora contratada pelo Governo para recuperar a Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), informou esta terça-feira, 29 de Agosto, durante uma conferência de imprensa, que a companhia já é totalmente solvente.
“Neste momento, depois de três meses de trabalho, anunciamos a redução da dívida da LAM em 61,6 milhões de dólares. Recordem-se que a 29 de Maio, quando fizemos a primeira intervenção, reduziu-se a dívida em 47,3 milhões de dólares e, volvido este período, foram mais 14,3 milhões de dólares”, anunciou Sérgio Matos, gestor do projecto de reestruturação da LAM.
Quando a FMA assumiu a gestão da companhia, esta tinha uma dívida estimada em cerca de 300 milhões de dólares, de acordo com dados fornecidos na altura.
A fonte explicou os motivos por detrás do resultado atingido, referindo que “é decorrente de lançamentos correctos de transacções em conformidade com as normas internacionais de contabilidade, as práticas contabilísticas geralmente aceitáveis e as directrizes contabilísticas do Tesouro Nacional, reduzindo ainda mais a posição de endividamento. Houve também a compensação de dívidas contra devedores no valor de 23 milhões de dólares. Assim sendo, a LAM é agora tecnicamente solvente”.
Sérgio Matos apontou que a equipa de intervenção da Fly Modern Ark avaliou e analisou a factura apresentada pela South Africa Technical – entidade que faz manutenção das aeronaves da LAM relativamente ao Boeing C-9B –, onde notou que existem tarifas duplicadas. “Foi revertida uma facturação ligeiramente superior a 11 mil dólares”, esclareceu. “Após o envolvimento da Fly Modern Ark nas negociações com a AerCap, entidade que faz o aluguer das aeronaves, houve a devolução antecipada da aeronave Boeing C-9B, contratada para regressar em Fevereiro de 2023, alcançando, assim, um acordo amigável que se traduz numa poupança de custos de 3,4 milhões de dólares a favor da LAM”, referiu Sérgio Matos.
O gestor referiu ainda que a companhia aérea está em negociações com a fabricante Boeing para o reembolso de 23 milhões de dólares resultantes do pré-pagamento de uma nova aeronave que não chegou a ser entregue à empresa, e que, ao longo dos anos, a LAM tem perdido somas monetárias avultadas com as aeronaves que ficam longos períodos em terra devido a razões técnicas. Igualmente informou que o lançamento dos voos Vilanculos-Joanesburgo e Beira-Joanesburgo em 6 de Agosto de 2023 revelou-se um enorme sucesso.
“O volume de passageiros e as receitas são superiores ao previsto. As reservas futuras são encorajadoras com a ocupação superior a 50% na maioria dos voos. Foi projectado que o load factor (coeficiente de ocupação), inicial no primeiro mês, ou seja, de 6 de Agosto a 5 de Setembro de 2023, seria de 35%, mas todas as indicações mostram que será alcançada uma média superior a 50%”, apontou Sérgio Matos.
O responsável pelo projecto de reestruturação da LAM falou do desempenho financeiro comparativo dos primeiros três meses de 2022 e 2023, em que se notou que em termos de passageiros, em 2022, houve 141 mil e, neste ano, registou-se 161 mil passageiros, o que significa um incremento de 14%. Em termos de receitas, em 2022, foram registados 1,9 mil milhões de meticais, mas, em 2023, houve dois mil milhões de meticais, o que significa um incremento de 6%. “Em relação à pontualidade operacional, no ano de 2022, tivemos 70% e neste ano estamos com 81%, o que significa uma variação positiva de 16%”, disse o responsável.
No primeiro trimestre de 2022, a LAM realizou 2625 voos e, no mesmo período deste ano, foram registados 2951 voos, o que significa uma variação positiva de 12%.
“Em relação ao impacto na redução das tarifas em 30% nas seis rotas, a nossa projecção indica que houve um incremento de 20% de passageiros e um aumento de 10% na receita. Para os três primeiros meses do ano, tivemos 96 mil passageiros, perfazendo uma receita de 1,1 mil milhões de meticais”, informou Sérgio Matos, que explicou que esta diferença se deveu ao aumento de sete para dez aeronaves ao serviço da companhia.