O primeiro-ministro, Adriano Maleiane, descartou esta sexta-feira, 25 de Agosto, a necessidade de haver mediadores nas negociações entre o Governo e os médicos grevistas, referindo que não se está ainda em crise.
“Quando se chega a precisar de mediadores é porque a situação está difícil, mas não chegámos a essa fase”, disse o governante, citado pela agência Lusa.
A declaração do primeiro-ministro surge após o bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), entre outras personalidades moçambicanas, disponibilizarem-se este mês para mediar o conflito entre o Governo e os médicos, que estavam em greve desde 10 de Julho, interrompida na quinta-feira para dar espaço às conversações.
Segundo o chefe do Governo, “os mediadores são dispensáveis porque não se está em crise e também não se esgotou o diálogo, estando-se agora a trabalhar e a avaliar o que não está ainda acordado e as razões por detrás. Esse é o papel do primeiro-ministro: ouvir as pessoas e depois resolvermos as questões que estão ainda pendentes”.
O Sistema Nacional de Saúde enfrenta uma crise provocada por greves de funcionários, convocadas, primeiro, pela Associação Médica de Moçambique (AMM), contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias, e depois pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que exige melhores condições de trabalho também para outros profissionais.
Entretanto, a greve dos médicos fica interrompida até 2 Outubro, com o objectivo de dar espaço para um diálogo franco, aberto e produtivo com a comissão criada pelo Governo, sob liderança do primeiro-ministro.
Enquanto isso, os profissionais de saúde moçambicanos – cerca de 65 mil serventes, técnicos e enfermeiros – iniciaram uma greve geral de 21 dias, no domingo, mantendo apenas serviços mínimos em maternidades, berçários e urgências. Estes exigem ao Governo que sejam satisfeitas as reivindicações do sector, incluindo as da classe médica, conforme anúncio feito pelo presidente da APSUSM, Anselmo Muchave.
Entre as exigências colocadas ao Governo, contam-se “providenciar medicamentos aos hospitais, que têm de ser adquiridos pelos pacientes, aquisição de camas hospitalares, resolver a falta de alimentação e de alimentação adequada nas unidades de saúde, equipar ambulâncias com materiais de emergência para suporte rápido de vida ou de equipamentos de protecção individual não descartável, cuja falta de fornecimento vai obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso”.