O Governo moçambicano, através do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), admitiu esta quarta-feira, 23 de Agosto, que a decisão da empresa mineira australiana Syrah Resources de suspender a produção de grafite no País compromete as metas de quantidades e receitas que o Estado tinha projectado.
A mineira australiana Syrah Resources anunciou, a 18 de Julho, a produção de 15 mil toneladas de grafite, em Abril, para baterias de carros eléctricos, que exporta do distrito de Balama, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique. Essa produção foi, porém, interrompida no mês seguinte devido aos stocks e preços nos mercados internacionais.
Em declarações à Lusa, o director nacional de Geologia e Minas, Cândido Rangeiro, assinalou que a medida poderá comprometer as projecções na produção de grafite deste ano e as receitas para o Estado geradas por este minério.
“Ficamos tristes com isto, porque, na verdade, tínhamos projecções para a produção de grafite e esta meta, provavelmente, não será alcançada”, enfatizou Rangeiro.
Sem especificar números, o dirigente avançou que o impacto poderá ser “considerável”, tendo em conta que a Syrah Resources é o maior produtor de grafite em Moçambique, à frente da Gk Ancuabe Graphite Mine, que explora este recurso no distrito de Ancuabe, também em Cabo Delgado.
“Esta empresa [GK] não nos comunicou qualquer paragem, talvez porque produz para uma empresa-mãe que está na Alemanha, e não instruiu a sua filial em Moçambique sobre qualquer decisão relativa à sua operação no Norte”, acrescentou.
Felicitando o facto de a decisão da Syrah não ter impacto sobre os postos de trabalho, Cândido Rangeiro salientou que a dinâmica no mercado internacional das matérias-primas é caracterizada por oscilações na procura e oferta.
“Hoje estamos a enfrentar esta situação e amanhã acredito que venha a mudar”, sublinhou.
A mina de Balama iniciou a produção comercial há quatro anos e foi destaque em Dezembro, quando a Syrah anunciou um acordo com a multinacional de veículos eléctricos Tesla, que pretende usar a grafite da mina, descrita como um dos maiores depósitos deste tipo de minério “de qualidade” no mundo pela própria companhia australiana.