O novo embaixador brasileiro – o diplomata Juliano Féres Nascimento – junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) defendeu esta quarta-feira, 23 de Agosto, que a organização tem uma marca pouco conhecida, sugerindo acções de marketing, nomeadamente através de iniciativas de promoção da língua portuguesa.
“A CPLP é uma marca pouco conhecida”, considerou o novo embaixador, em entrevista à Lusa, diplomata brasileiro, nomeado pelo ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro para o cargo, que assumiu em Lisboa já sob a governação do actual chefe de Estado do seu país, Luiz Inácio Lula da Silva, em Janeiro.
“Nós criámos uma organização, que ainda está a ‘gatinhar’ no processo de criação dessa marca. Falamos das marcas nacionais, da marca Brasil, de Portugal, que dão as características e a identidade desses países”, referiu o diplomata, “mas a CPLP ainda não conseguiu isso”.
Para o embaixador, em ambientes diplomáticos ou multinacionais, a força da marca da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa já é muito presente por causa da articulação que os países conseguem ter nesses espaços. “E não só nas Nações Unidas ou na Organização Mundial de Saúde, mas também nas organizações regionais”, destacou.
“O factor de diferença da CPLP para outros arranjos desse tipo é que a sua presença é mundial, está na América do Sul, África, Ásia e Europa. E cada região tem a sua combinação de arranjos políticos e económicos e a CPLP consegue dialogar com todos”, salientou o diplomata. “A CPLP dialoga com a União Africana, com o Mercosul, com a união dos países sul-americanos e com a União Europeia”.
“No campo da concertação político-diplomática, temos alguns objectivos que são muito evidentes, e esses objectivos, em geral, têm que ver com valores que são compartilhados, que vão além da língua compartilhada, que são valores democráticos, valores de prosperidade, valores de crescimento e desenvolvimento sustentável. Logo, nesses fóruns é fácil”, acrescentou Juliano Féres Nascimento. “Já em outros arranjos, onde se tem de alcançar internamente a concertação para depois apresentar uma posição comum, nem tudo é tão fácil”, explicou o diplomata.
Para tornar a CPLP conhecida além destes fóruns, o embaixador brasileiro, que também já trabalhou com Lula da Silva, afirmou que são precisas acções de marketing.
“É difícil, não é uma tarefa óbvia, porque é evidente que o dado original da CPLP é a língua comum. Todos nós falamos português. Por isso, quando se quer projectar a imagem da organização, o trabalho que se faz confunde-se um pouco com a promoção da própria língua”.
O embaixador aponta como problema a não associação da língua para promoção da organização. Em contrapartida, salientou, “vários países e entidades são observadores associados da comunidade (um total de 33), ou outros, que nem sequer têm esse estatuto, pedem para usar na sua actividade, no seu evento, porque vêem que a marca da CPLP agrega valor para a actividade que estão a desenvolver”.
“Estou aqui desde Janeiro e nas 67 reuniões em que já participei no grupo da CPLP, já avaliámos mais de 20 acções da sociedade civil (e não estou a falar de acções do Governo) que nos pedem para usar a marca da CPLP na sua actividade”, exemplificou.
A CPLP, que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, realiza a XVI conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, no próximo domingo, sob o lema “Juventude e Sustentabilidade”.