A consultora BMI considerou esta quarta-feira, 23 de Agosto, que a perspectiva de evolução dos projectos do gás natural em Moçambique está a melhorar, apesar do atraso na retoma dos trabalhos em Cabo Delgado por parte da francesa TotalEnergies.
Numa nota sobre o sector do gás natural da bacia do Rovuma, os analistas da consultora escrevem que “a perspectiva de evolução dos mega-projectos em Moçambique está a melhorar, com progressos relativamente ao recomeço dos mesmos”.
“A TotalEnergies deu vários passos para recomeçar o projecto, no seguimento da violência em 2021, que forçou a companhia a declarar ‘força maior’ e suspender as actividades de construção” da central que irá liquefazer o gás, permitindo a sua exportação.
Na análise, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora dos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings dizem que a TotalEnergies deverá recomeçar os trabalhos no primeiro semestre do próximo ano, depois de uma renegociação dos contratos com os empreiteiros locais.
“A última consideração para o relançamento do projecto é renegociar os custos com os empreiteiros locais”, escrevem, salientando que “desde que o projecto foi suspenso, houve várias grandes subidas de preço de matérias-primas, energia e mão-de-obra”, além de um aumento generalizado da inflação, “que vai diminuir as margens de lucro do projecto”.
Apesar do aumento, o CEO da petrolífera francesa TotalEnergies, Patrick Pouyanné, “confirmou que nenhum dos compradores antigos de gás exerceu o seu direito de sair do projecto e indicou que continua a haver uma forte procura mesmo que saiam”.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, sendo que estão localizadas ao largo da costa da província de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para depois o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após o ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura. O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.