Cerca de 70 fiscais morreram desde 2020, em serviço, nas áreas protegidas em Moçambique, nomeadamente em ataques de animais e caçadores furtivos, de acordo com os números apresentados esta segunda-feira, 31 de Julho, pela ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibaze, durante a inauguração das infra-estruturas de gestão do Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto, na província de Inhambane, sul do País.
No evento, a governante reconheceu, em declarações aos jornalistas, que “os desafios são enormes” para estes fiscais, pois “são eles que têm dado a vida por nós, pela conservação de várias espécies emblemáticas que o nosso País tem”.
“Só desde 2020 até agora já perdemos cerca de 70 fiscais. O que é muito para nós, olhando para aquilo que é o efectivo de mil fiscais que temos”, acrescentou, numa intervenção marcada igualmente pelas comemorações do Dia Internacional do Fiscal de Florestas e Fauna.
Na ocasião, por sua vez, o director dos Serviços de Protecção e Fiscalização da Administração Nacional de Áreas de Conservação (ANAC), Carlos Lopes, lembrou que, já em 2018, o País necessitava de ter ao serviço cerca de 2500 fiscais, desde logo para combater a caça furtiva, sendo que, com o efectivo de então, ligeiramente superior ao actual, cada um destes profissionais tomava conta de 315 quilómetros quadrados, contra uma área recomendável de 50 km quadrados.
Moçambique possui 14 importantes regiões ecológicas, algumas das quais consideradas de relevância global. A Rede Nacional das Áreas de Conservação engloba aproximadamente 26% do território nacional e compreende 19 parques e reservas nacionais, 20 coutadas oficiais e uma variedade de outras categorias de áreas de conservação, cuja monitorização é garantida por estes fiscais.
Relativamente às obras inauguradas pela ministra Ivete Maibaze, elas representaram um investimento de 39 milhões de meticais, incluindo quartos e balneários para os fiscais, um escritório com recepção para visitantes, um refeitório, armazéns e uma central eléctrica de painéis solares.
A governante destacou que a concretização deste marco decorreu da estratégia do Governo de promover parcerias público-privadas para co-gestão e desenvolvimento da Rede Nacional das Áreas de Conservação, visando a sustentabilidade da gestão da biodiversidade e capitalização dos mecanismos de geração de receitas.
“Foi nesta perspectiva que, em Dezembro de 2017, assinámos o acordo de co-gestão com a African Parks, para a gestão do Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto”, recordou.
No domínio do reforço da capacidade de fiscalização, Ivete Maibaze destacou a melhoria do sistema de comunicação, com a introdução da tecnologia de rádio digital e implantação de sistemas de fiscalização em diferentes áreas de conservação, bem como a operacionalização do Sistema de Informação Florestal, garantindo ainda que vai avançar o treino e formação de mais de 300 fiscais de Florestas e Fauna Bravia.