A conservação do meio ambiente está directamente relacionada com o desenvolvimento socioeconómico de qualquer país, sobretudo dos que estão em vias de desenvolvimento, como é o caso de Moçambique. Nesta vertente, especialistas defendem uma maior actuação dos sectores público e privado, por forma que invistam na sustentabilidade e no capital natural existente.
A preservação dos recursos naturais é um dos pontos que compõem os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) traçados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que devem ser alcançados até 2030.
O cumprimento dos índices dos ODS, que vão desde questões de desenvolvimento económico a temas relacionados com o ambiente e a justiça social, ainda continuam aquém das expectativas, sendo que os fenómenos globais mais recentes (crise económica, covid-19, guerras e alterações climáticas) condicionam ainda mais a capacidade dos países em solucionar as questões mais prementes, particularmente as de âmbito social.
Moçambique tem dado passos significativos, mas ainda há muito por fazer, principalmente quando se fala do acesso ao financiamento para o desenvolvimento de iniciativas sustentáveis e de inclusão social.
Intervindo nesta quarta-feira (26) em Maputo, numa conferência denominada “ODS e os Índices ESG em Moçambique: desafios e oportunidades para as empresas e organizações nacionais”, mais especificamente no painel sobre “Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável”, o director de Financiamentos Inovadores da Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), Sean Nazerali, disse que a biodiversidade é fundamental para o crescimento, frisando que a mesma está alinhada com o desenvolvimento das grandes cidades, pois ajuda na erradicação da pobreza.
“Defendemos a biodiversidade em todos os sentidos. Nenhum objectivo é alcançável num cenário em que há insustentabilidade do meio ambiente. Os recursos naturais (a fauna e a flora) são uma fonte de rendimento e têm grande importância, por isso, se forem degradados, não terão como crescer. Temos de melhorar o estado de conservação e investirmos na sustentabilidade”, explicou.
De acordo com Nazerali, devem ser criados incentivos, através da disponibilização de crédito bancário acessível para que as empresas possam actuar no ramo ambiental, e promover práticas que ajudem na conservação dos recursos, tal como os investimentos não podem terminar no gás natural e na exploração de areias pesadas.
“Não se respira gás natural, não se come titânio. Neste sentido, há que se investir a sério na biodiversidade”, vincou.
Partilhando da mesma opinião, o CEO da HIMPACT e Chief Sustainability Officer da Hemera Capital Partners, Sidney Magalhães, frisou que se deve dar prioridade às iniciativas que impactam nos ODS, salientando que “quando entramos em harmonia, o ambiente produz como deve de ser e cria bases de sustento para as famílias”.
“São necessárias acções integradas de várias empresas e organizações públicas e privadas, que operam desde o sector financeiro ao produtivo, no sentido de ajudar Moçambique a alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável traçados pela Organização das Nações Unidas”, secundou.