O Governo do Zimbabué está a considerar a possibilidade de exportar os excedentes de trigo para Moçambique a partir da colheita prevista para este ano, que é de 420 mil toneladas, muito acima das necessidades do país, uma vez que só precisa de 360 mil toneladas por ano, informou esta terça-feira, 4 de Julho, o portal de notícias zimbabueano, The Chronicle Zimbabwe.
Segundo o órgão, no ano passado, foi atingida uma colheita recorde de mais de 375 mil toneladas após a plantação de trigo em 80 mil hectares, o que permitiu a existência de excedentes no país. Porém, depois de se aumentar a área cultivada para 86 mil hectares este ano, graças a várias intervenções progressivas do Governo, espera-se uma produção ainda mais elevada, na ordem das 420 mil toneladas.
Citado pelo The Chronicle Zimbabwe, o secretário para Terras, Agricultura, Pescas, Água e Desenvolvimento Rural do Zimbabué, John Basera, defendeu que os agricultores devem tirar maior partido dos mercados existentes em Moçambique, aumentando a produção.
O dirigente falava, recentemente, no campo de trigo denominado de “Mema Estate”, na província de Mashonaland West, onde considerou que os conflitos na Europa do Leste ensinaram África a olhar mais para as soluções internas, uma vez que a Rússia e a Ucrânia controlam 30% do fornecimento global de trigo, mas a circulação do produto está condicionada devido ao conflito.
“Recentemente, uma delegação de Moçambique visitou Mashonaland West para poder apreciar a forma como cultivamos o trigo. Existe um grande mercado neste país irmão, pelo que temos de aproveitar. Temos de produzir os nossos próprios alimentos em África”, apontou o dirigente zimbabueano, destacando que “para que o país tenha uma boa oportunidade de alcançar as metas de desenvolvimento sustentável de 2030, especificamente sobre uma sociedade com rendimento médio alto, é necessário atrair a participação do sector privado”.
O governante observou que este ano, o sector privado financiou 23 mil hectares de trigo dos 25 mil previstos, o que é encorajador. “Isto levou a que Mashonaland West fosse elogiada pelo seu bom desempenho na cultura do trigo, uma vez que a província o plantou em 27 mil dos 86 mil hectares de área nacional para este ano”, assinalou.
Por fim, Basera espera que Mashonaland West se torne, de facto, o celeiro do país e que o Zimbabué emerja como o celeiro da região.