A questão do financiamento tem sido tema de debate nos últimos anos em fóruns nacionais devido à escassez de fontes para investir nas empresas nacionais, com especial destaque para as micro, pequenas e médias empresas (MPME). Os empresários têm-se queixado das altas taxas de juro praticadas pelos bancos comerciais, em consequência das medidas tomadas pelo regulador do mercado financeiro, que tem fixado taxas de referência muito altas, se comparadas com as dos outros países na região.
Em meio deste este cenário verificado na banca nacional que cria, no seio dos empresários, um descontentamento generalizado, são apresentadas novas alternativas ao financiamento para as empresas nacionais, no sentido de permitirem a contínua operacionalização das mesmas.
Foi neste contexto que os empresários presentes na 18.ª edição da Conferência Anual do Sector Privado (CASP) foram convidados, esta quarta-feira (21), a aderirem aos fundos de pensões como instrumentos alternativos ao financiamento e investimento.
Na ocasião, o director-geral da Moçambique Previdente (instituição gestora de fundos de pensões), Manuel Sinela, começou por explicar a importância dos fundos para as empresas: “aumentam a moral e a produtividade dos trabalhadores; ajudam a reter profissionais altamente qualificados; aumentam a lucratividades das empresas podendo ajudá-las a expandir-se; e são fontes de rendimentos futuros e complementos da segurança social”.
Posto isso, o responsável pela Moçambique Previdente anunciou que a instituição que dirige gere actualmente fundos de sete empresas: a “Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), a Empresa de Seguros de Moçambique (EMOSE), a Petromoc, a Aeroportos de Moçambique, a Fundação Aurum, a Companhia Moçambicana de Gasoduto (CMG) e a Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH). A instituição conta com um total de activos de 2,9 mil milhões de meticais”.
“Estamos disponíveis para as empresas nacionais que buscam criar fundos de pensões, pois assim poderemos ter um valor significativo para financiar a economia: quanto mais empresas criarem fundos de pensões, maior será o valor total de activos”, disse.
Porém, nem tudo é linear, pois há riscos envolvidos: “os fundos de pensões devem considerar cuidadosamente a liquidez dos investimentos na gestão da sua exposição. O insucesso da empresa na qual o fundo de pensões investir pode afectar negativamente o seu desempenho. Os fundos de pensões devem avaliar cuidadosamente a governança corporativa das empresas antes de investirem para garantir a protecção dos seus activos”, elencou.
Sinela explicou ainda que o financiamento pode ser feito às empresas, mas “a instituição apostaria mais nas que estão cotadas na Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), pois é mais seguro por apresentarem riscos reduzidos”.
Por sua vez, o director financeiro do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), Jaime Nhavene, referiu que a instituição que representa “tem um fundo com cerca de 61 mil milhões meticais. Com os investimentos que temos em carteira, acreditamos que, até ao final do ano, o valor irá crescer”.
Neste âmbito, o responsável afirmou que “os empresários moçambicanos têm muitas oportunidades de financiamento”, apontando que “para se ter acesso ao fundo, têm de ser observadas algumas regras. Há que se ter em conta a questão da segurança, da rentabilidade e da liquidez das empresas”.