Por ser uma das bebidas mais antigas da história e amplamente consumida em todo o mundo, não é de se estranhar que, ao longo dos séculos, tenham surgido teorias sobre o vinho que nem sempre condizem com a realidade.
Para evitar que os erros se perpetuem, é importante conhecer os principais mitos sobre vinho e saber a versão correcta dos factos. Jancis Robinson, crítica, jornalista e escritora britânica de vinhos, elencou os principais. Conheça-os.
O vinho melhora com a idade
De acordo com Jancis, isto é provavelmente verdade para menos de 10% de todos os vinhos actuais. Os rosés, quase todos os brancos e os tintos de marca e de corte mais básicos são feitos para serem consumidos no prazo de um ano após o engarrafamento. Só os grandes vinhos, especialmente os da França e Itália, são feitos para envelhecer.
Os vinhos com tampa de rosca são inferiores aos vinhos com rolha de cortiça natural
Nem sempre! Durante séculos a rolha de cortiça foi utilizada pela sua neutralidade, durabilidade e porosidade, permitindo uma pequena entrada de ar que ajudava o vinho a envelhecer. No entanto, no século passado, os fabricantes de rolhas de cortiça descuraram a qualidade e os produtores de vinho notaram um aumento do número de garrafas afectadas por rolhas bolorentas. Estas alteram o vinho, tornando-o desagradável. Por esta razão, cada vez mais produtores estão a utilizar rolhas sintéticas ou cápsulas de rosca. Para além disso, já existem vinhos envelhecidos com cápsulas de rosca durante uma ou duas décadas e, segundo os provadores, têm uma vantagem.
Quanto mais pesada e mais cara for a garrafa, melhor será o vinho
Trata-se de uma jogada de marketing que, por vezes, pode não agradar ao consumidor. O manuseamento de uma garrafa pesada pode ser desconfortável. Para além de aumentar o preço do vinho, dificulta o seu transporte, uma vez que as garrafas permitidas em viagens ao estrangeiro podem ultrapassar o limite de quilos por bagagem das companhias aéreas quando os produtores utilizam garrafas mais pesadas.
O vinho tinto é mais forte do que o vinho branco
As uvas brancas naturalmente têm menos açúcar do que as variedades de uvas mais escuras, colocando o vinho branco bem no meio de vinhos espumantes e vinhos tintos. Dito isso, o teor alcoólico do vinho branco pode ser de 5% a 14%. Mas existem vinhos tintos actualmente com teor alcoólico de 12%.
Deve-se harmonizar o vinho branco com carnes brancas e o vinho tinto com carnes vermelhas
Há uma série de elementos a serem considerados, não existe uma regra fixa. Um vinho tinto pode harmonizar com carnes brancas. Geralmente, um alimento mais intenso em sabores harmoniza bem com um vinho intenso.
Os vinhos melhoram quando são decantados
A minoria. Jancis argumenta que é céptica quanto à hipótese de que muito pode acontecer ao vinho apenas pelo contacto com o oxigénio. A aeração de um vinho velho e frágil pode destruí-lo. No entanto, a decantação de um vinho jovem e muito tânico durante uma ou duas horas pode torná-lo um pouco menos duro.
Os brancos devem ser servidos frescos e os tintos à temperatura ambiente
Em parte. Alguns vinhos tintos devem ser mais frescos do que outros. A temperatura tem que ver com o corpo do vinho e não necessariamente com a sua cor.