O gestor do Programa Nacional de Energia para Todos (ProEnergia), Sílvio Romeu, informou esta quinta-feira, 8 de Junho, que em Setembro próximo irá arrancar a segunda fase, com um orçamento de 350 milhões de dólares a serem desembolsados pelos parceiros de cooperação Banco Mundial, União Europeia, Suécia e Noruega.
O responsável do projecto falava durante uma visita conjunta que contou com representantes da Electricidade de Moçambique (EDM), União Europeia e da missão da equipa técnica de Bruxelas (que se encontra em Moçambique), Banco Mundial, Suécia e Noruega com o objectivo de avaliar o progresso positivo da instalação da rede eléctrica do programa ProEnergia a clientes domésticos residentes no distrito de Marracuene.
“O projecto vai continuar com a fase dois, e já lançámos os concursos para a compra dos materiais. Tudo indica que a partir de Setembro vamos começar com a implementação da segunda fase, que vai beneficiar cerca de 500 mil famílias em todo o País com um investimento a rondar os 350 milhões de dólares financiados pela Noruega, Suécia, Banco Mundial e União Europeia”, revelou Sílvio Romeu.
Numa avaliação da primeira fase do programa, Romeu explicou que foram investidos 150 milhões de dólares para “fazer a ligação de 366 mil famílias, das quais 352 mil já estão. Só este ano, procedemos à ligação que abrangeu 100 mil famílias”.
Os beneficiários de energia em Marracuene manifestaram a sua satisfação com a chegada da rede eléctrica, pois, desta forma, passarão a dinamizar mais as suas actividades comerciais.
Comerciante há dois anos, Verónica Macamo conta o dilema que viveu para fazer o seu negócio de venda de bebidas exequível: “antes de termos acesso à energia, usávamos gás e pedra de gelo aqui no estabelecimento comercial, e tínhamos de adquirir esses recursos longe ou mesmo na cidade de Maputo. Mas agora as coisas mudaram, pois já não usamos gás”.
Por sua vez, Anastácia Matlonhane, detentora de uma empresa de distribuição de água em Marracuene com uma carteira de 300 clientes, explicou que “quando começámos a trabalhar, era muito difícil porque não tínhamos energia. Na altura usávamos gerador e os gastos eram maiores. Agora, com energia, as coisas estão a melhorar e os custos diminuíram. Ainda assim, em termos de lucro, diria que o negócio não é tão rentável, pois a energia está cara. Porém, na altura em que trabalhava com gerador gastava mil meticais para usar por oito horas e agora gasto mil meticais para 24 horas”.
No decorrer da visita realizada a Marracuene, a chefe de Cooperação da União Europeia (UE) em Moçambique, Paula Vazquez Horyaans, mencionou que “a União Europeia já contribuiu com mais de 200 milhões de euros para energias renováveis, financiando 800 milhões de euros adicionais, através de outras fontes de financiamento e do sector privado”.
A responsável adiantou ainda que “para o futuro, no âmbito da estratégia Global Gateway, pretendemos reforçar ainda mais a nossa parceria com Moçambique no sector da energia e apoiar o País na utilização, de forma sustentável, dos seus recursos naturais”.
Para a líder do Programa de Infra-Estruturas do Banco Mundial, Zaira Romo, “o trabalho do Governo, principalmente da EDM, trouxe grande impacto. Estamos satisfeitos, pois a empresa pública tem continuado a fazer ligações por lugares que, por muito tempo, não tiveram energia”, assinalou, para depois reiterar que “para a segunda fase deste programa, o Banco Mundial vai aderir com os outros parceiros no apoio ao Governo para fazer chegar a energia a todos”.
O Governo de Moçambique lançou o Programa Energia para Todos para implementar a sua estratégia e fornecer ligações à rede, ou acesso fora da rede eléctrica, a todos os moçambicanos. A iniciativa de tornar universal o acesso à energia em Moçambique até ao ano 2030 está a mudar a vida nas zonas rurais. Através da expansão da Rede Eléctrica Nacional (REN) foi possível, durante o ano 2021, ligar a energia a mais 309 322 novas instalações, o que representa um marco na história da electrificação do País.
Para o alcance da cobertura nacional de Energia para Todos, o Banco Mundial criou o Fundo Fiduciário de Energia para Todos, com uma contribuição financeira adicional de 30 milhões de euros da União Europeia, 62,4 milhões de euros do Banco Mundial, 16,8 milhões de euros da Noruega e 15 milhões de euros da Suécia para a componente de rede. Os investimentos do projecto apoiam a implementação da Estratégia Nacional de Electrificação (ENA), financiando a expansão do acesso à electricidade a 1 832 150 pessoas a viverem nas zonas periurbanas e rurais em todo o País. Até ao momento, já se alcançou 86% da meta estipulada, pelo que se espera que se atinja mais pessoas do que o previsto.