A economia angolana deverá crescer 3,8% em 2023 e desacelerar para 3% em 2024, segundo o Relatório Económico 2021 do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, apresentado esta quinta-feira, 8 de Junho.
Segundo o documento, o preço do petróleo acima dos 70 dólares por barril poderá motivar as empresas produtoras no país a aumentar ligeiramente a produção em comparação com a dos anos anteriores, o que afectará positivamente o crescimento económico.
Por outro lado, esta folga financeira permitirá ao Governo pagar os atrasos internos às empresas fornecedoras de bens e serviços, o que deverá corresponder um consequente aumento dos níveis de investimentos.
O CEIC perspectiva ainda um aumento dos gastos e investimentos públicos nos próximos anos caso o diferencial entre o preço do petróleo no mercado internacional e o preço de referência no Orçamento Geral do Estado “continue substancialmente positivo”.
O documento aborda os planos do Governo para os sectores da agro-pecuária e pescas (PLANAGRÃO, PLANAPECUÁRIA e PLANAPESCAS) avaliados em cerca de 6,3 mil milhões de dólares (5,8 mil milhões de euros) que, “caso sejam bem implementados, poderão ter um impacto positivo no crescimento do sector não petrolífero”.
O relatório salienta, por outro lado, que o investimento directo estrangeiro tem sido direccionado maioritariamente para o sector petrolífero, deixando o não petrolífero com poucos recursos, tendo em conta as altas taxas de juros, o nível de burocracia na banca comercial e a dificuldade na obtenção de títulos de propriedade que poderiam servir de colateral, inibindo os empresários de contraírem empréstimos para aumentarem os investimentos.
É referida ainda a necessidade de limitar a corrosão do poder de compra dos angolanos, sendo fundamental haver crescimento económico, estimando – face às perspectivas de crescimento do PIB e da inflação, bem como ganhos de produtividade – que a valorização salarial para 2023 poderia situar-se em 11%, e apontada a reformulação das regras do mínimo de existência, a partir do qual se calcula uma aproximação ao salário mínimo, destacando que em alguns países europeus este processo está em curso, desencadeado pelo disparo da inflação.
O relatório indica também que a taxa média anual de crescimento do PIB entre 2002 e 2008, quando começou a crise económica e financeira mundial, foi de 11,15%, que teria sido suficiente para duplicar o rendimento médio por habitante em dez anos.