A província de Cabo Delgado, localizada na zona norte do País, contém vários projectos de gás natural liquefeito, assim como outros ligados à indústria extractiva com destaque para a exploração de rubis e grafite. A região tem sido palco de ataques, perpetrados por grupos terroristas há cerca de cinco anos.
Mesmo assim, empresários baseados naquele ponto de Moçambique confirmaram a existência de um ambiente de negócios favorável e inspirador, acrescentado que apesar de estarem a viver uma guerra, esta não tem atrapalhado a 100% as suas actividades, sendo que estão a ser desenhadas algumas medidas de coordenação para proteger os seus projectos e infra-estruturas.
“Há muitos constrangimentos, mas o ambiente de negócios em Cabo Delgado é bom. A guerra tornou-se no novo normal e estamos a criar mecanismos de coordenar as operações, pois precisamos de trabalhar”, avançou Agnaldo Laice, director-geral da Twigg Exploration and Mining Limitada, empresa que explora grafite em Balama.
Intervindo nesta quarta-feira, 7 de Junho, no segundo e último dia de actividades da Mozambique Energy e Industry Summit em Maputo, Agnaldo Laice afirmou que a instabilidade ainda é um desafio, mas que já há maneiras de ser ultrapassado, destacando que o maior obstáculo na actualidade é a falta de energia nas zonas onde estão a ser implementados os projectos.
Segundo a fonte, a energia condiciona muito as actividades e dificulta o processamento da matéria explorada. “Em Balama, usamos geradores, pois não há energia, e isso impacta nas actividades. Precisamos de apoiar os investidores, assim como as empresas, que se deparam com esse enorme desafio”.
O presidente da Montepuez Ruby Mining (MRM), Samora Machel Júnior, revelou, por sua vez, que o clima de negócios em Cabo Delgado está “minado” pela burocracia e oportunismo, pois há empresas que não olham para o conteúdo local e não cumprem a lei, assim como existem instituições que dificultam a disponibilização de documentos. “Estamos a trabalhar em Cabo Delgado há cerca de dez anos e, neste período, temos verificado muita burocracia”, alertou.
Para Samora Machel Júnior, há necessidade de melhorias e de ensinar as empresas a saberem lidar com as comunidades, no âmbito do conteúdo local, bem como de abrir espaço para a criação de programas de responsabilidade social para expandir o sistema de recrutamento.
“A MRM tem levado a cabo vários projectos inclusivos, com destaque para um denominado Projecto de Agricultura e Conservação, que beneficia um total de 600 famílias organizadas em 11 associações agrícolas, que trabalham em mais de 900 hectares de terra. Desde 2016 que os beneficiários da iniciativa recebem assistência técnica e sementes, com o objectivo de garantir uma produção sustentável”, concluiu.
Organizada pela Associação Moçambicana de Conteúdo Local (ACLM), a Mozambique Energy e Industry Summit teve início, efectivamente, na semana passada, na cidade de Pemba, em Cabo Delgado, onde decorreu por um período de dois dias (30 e 31 de Maio). Esteve, durante dois dias (6 e 7 de Junho), em Maputo, onde juntou diversos empresários ligados ao ramo da energia e indústria, membros do Governo e público em geral.