Moçambique está a prestar apoio psicossocial a mais de mil crianças expostas à violência armada em Cabo Delgado, Norte do País, anunciou esta segunda-feira, 5 de Junho, a chefe da diplomacia, Verónica Macamo, num debate sobre o tema em Oslo, na Noruega.
Aquele país, juntamente com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Cruz Vermelha Internacional e a organização não-governamental Save the Children acolhe, desde ontem, uma conferência internacional sobre a Protecção das Crianças em Conflitos Armados.
O evento é promovido em parceria com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e o representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para as Crianças e os Conflitos Armados.
Com base num plano estratégico para Cabo Delgado, “estão em marcha programas” que incluem “a identificação, acompanhamento e prestação de apoio psicossocial a mais de mil crianças deslocadas”, bem como “apoio multiforme a mais de 400 crianças vítimas de terrorismo, através da sua identificação, reunificação e acompanhamento”, referiu a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, que falava numa conferência internacional sobre a Protecção das Crianças em Conflitos Armados.
Outras medidas em Cabo Delgado incluem “a construção e apetrechamento de um centro de trânsito para as vítimas dos ataques terroristas, incluindo crianças não acompanhadas” e “a criação de escolinhas comunitárias nas zonas de reassentamento”.
“Em Moçambique, as acções terroristas precipitaram uma crise humanitária sem precedentes na zona Norte do País, nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa, com cerca de 800 mil deslocados internos, incluindo crianças, algumas das quais assistiram ou foram obrigadas a praticar actos violentos, pelos terroristas”, disse Verónica Macamo.
A governante indicou ainda que “o terrorismo em Moçambique está a forçar e a expor centenas de milhares de crianças às redes do crime organizado transnacional e outro tipo de riscos de segurança”.
A chefe da diplomacia moçambicana assumiu o compromisso de o Governo “envidar esforços para prevenir a violação dos direitos da criança e proteger todas, em particular aquelas que se encontram nas zonas afectadas pelas acções terroristas”.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico e que já fez um milhão de deslocados (número das Nações Unidas), cerca de 4000 mortes (segundo o projecto de registo de conflitos ACLED) e destruição de inúmeras infra-estruturas.