Analistas moçambicanos defenderam na última quarta-feira, 31 de Maio, em Maputo, que o País possui diversas oportunidades de investimento e apontaram a necessidade de Moçambique começar a processar a matéria-prima nacional para maximizar os ganhos.
Intervindo num evento sobre “Oportunidades e Desafios de Comércio em África e Moçambique”, o economista e secretário-geral da Associação dos Empresários Europeus em Moçambique (EUROCAM), Luís Sitoe, afirmou que “um dos sectores disponíveis para investimentos é o dos recursos minerais e já se começou a dar alguns passos na sua exploração. Mas, mais uma vez, o que acontece é que a maior parte destes recursos saem no seu estado bruto, ou seja, sem estarem processados, pelo que é necessário que os processemos para que possamos ter lucros consideráveis”, assinalou.
Luís Sitoe acrescentou: “temos de formar empresas aqui no País para explorar os nossos recursos e, se for uma empresa detida por moçambicanos, melhor ainda. Não estou a dizer que as estrangeiras não podem, porém, seria muito melhor se fossem as nacionais”.
Quanto à agricultura, Sitoe defendeu que há necessidade de se empreender mais esforços no sentido de se produzir em quantidades consideráveis e com qualidade reconhecida no mercado internacional por forma que o País possa entrar nos referidos mercados.
“Nesta questão da produção agrícola, há que procurar formas de aproveitar mais a agricultura. Este é o sector que mais emprega, com números a rondarem os 90% de população moçambicana que nela trabalha, sendo que, em Moçambique, a predominante é a de subsistência. E não é esta agricultura que vai produzir em quantidade e qualidade para os mercados internacionais que procuram produtos deste sector”, apontou Luís Sitoe.
Zona de Comércio Livre Continental Africana
No mesmo evento, João Gomes, partner da BlueBiz, que falou sobre Desafios e Oportunidades da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), começou por explicar que “a maior parte dos países africanos que processam produtos e fabricam carros e peças exportam para os outros continentes, ou seja, não vendem para os países internos. Apenas 17% do que é produzido em África é consumido internamente, o que significa que o continente produz, distribui e não consome. E depois há uma coisa interessante: o continente também tem de voltar a importar o que quer consumir”.
Neste sentido, João Gomes explicou que foram estes os motivos pelos quais a ZCLCA foi criada. “A ideia passa por fazer a substituição em beneficio dos países africanos: produz-se e compra-se em África para África, de África para África”.
Fazendo uma comparação entre a ZCLCA e outras já existentes, João Gomes detalhou: “é a maior do mundo, com 54 países que a integram, uma população de 1,3 biliões de pessoas e um Produto Interno Bruto esperado de 3,4 triliões de dólares. E comparou com a União Europeia, que “é composta por 27 países, com 450 milhões de pessoas e um PIB total de 15,6 triliões de dólares”.
A perspectiva, com a criação da ZCLCA, é que origine a maior zona de livre comércio do mundo, eliminando gradualmente as barreiras comerciais entre os Estados-membros, promova o comércio intra-africano e a inclusão das micro, pequenas e médias empresas na economia regional, estimule a industrialização e desenvolva cadeias de valor regionais.