Nos últimos anos, a caça à aranha tem-se tornado cada vez mais popular no Reino Unido. Este passatempo invulgar fornece aos cientistas informações valiosas sobre a fauna do país.
O The Guardian acompanhou o sexagenário Mike Waite, “especialista na caça à aranha” numa pesquisa pela reserva natural de Brentmoor Heath em Surrey, no Sudeste de Inglaterra, propriedade do Ministério da Defesa do Reino Unido. Trata-se de uma época do ano particularmente boa para as aranhas saírem da hibernação. “Observámos um espécime da família Lycosidae, uma Evarcha arcuata e uma Dolomedes fimbriatus”, revela o diário britânico. Tudo isto numa única manhã. O objectivo de Mike Waite era encontrar o maior número possível de aranhas, “montando uma série de ‘armadilhas’ à noite”. Esta prática, algo invulgar, tem conhecido um ressurgimento no Reino Unido nos últimos anos. “A British Arachnological Society já recebeu 57 mil relatos de avistamentos de aranhas desde o início do ano”, revela o The Guardian.
O Ministério da Defesa é um dos maiores proprietários de terras no Reino Unido. Possui “169 sítios de especial interesse científico, o que significa que a natureza é mais protegida lá.” E entre eles está Brentmoor Heath, um dos melhores lugares para caçar aranhas. O Reino Unido é um local de reprodução de aracnídeos: mais de 650 espécies diferentes vivem aqui, e algumas variedades estão provavelmente apenas à espera de serem descobertas. Ou redescobertas.
“A maior descoberta de Waite foi em 2020, quando avistou uma Alopecosa fabrilis, uma das maiores aranhas do Reino Unido, mas presumiu-se que estava extinta porque ninguém a tinha visto desde 1999.”
Para além de ser um passatempo invulgar, a caça à aranha pode ser útil para os cientistas. “Sem a dedicação destes observadores, simplesmente não saberíamos como está a nossa fauna de aranhas”, diz Richard Gallon, membro da Sociedade Britânica de Aracnologia.
As aranhas são conhecidas por darem indicações sobre a saúde do ambiente. De acordo com o The Guardian, uma melhor compreensão de como estes animais funcionam é também a compreensão de “como o ambiente poderá evoluir face à crise climática”.
Courrier Internacional