A Syrah Resources, empresa que explora grafite no norte de Moçambique, informou esta quinta-feira, 1 de Junho, que expulsou um grupo de trabalhadores que se envolveu numa “greve ilegal” na sua mina em Balama, após processos disciplinares, negando a existência de ilegalidades.
Em comunicado de imprensa, citado pela agência Lusa, a empresa refere: “atendendo ao carácter extenso e ilegal das ações desenvolvidas pelo grupo, acabou por ser instaurado um processo disciplinar contra 14 trabalhadores, aos quais foi dada oportunidade de resposta nos termos do quadro legal do Código do Trabalho. O resultado do processo disciplinar acabou por ditar o despedimento de 12 dos 14 trabalhadores”.
O grupo de trabalhadores da Twigg Exploration & Mining, subsidiária do grupo australiano Syrah Resources, acusa a firma de despedir ilegalmente funcionários que estiveram envolvidos numa greve em Novembro na sua mina em Cabo Delgado.
“A greve foi colectiva e pacífica, mas a empresa despediu trabalhadores, escolhidos para representar os outros funcionários no tempo da mediação, por via telefónica”, disse à Lusa, no final de maio, Tobias António, representante dos trabalhadores, todos oriundos de Cabo Delgado.
Embora a Syrah Resources considere, em sua nota de reacção, que foram despedidos 12 trabalhadores, o representante dos trabalhadores afirma que a medida foi extensiva a um total de 23 pessoas, num caso que se arrasta desde Dezembro do ano passado e que foi submetido às autoridades de Cabo Delgado, com destaque para o Governo local.
“As ações do pequeno grupo de instigadores tiveram impacto injustamente em mais de 1500 empregados e contratados, a grande maioria dos quais manifestou vontade de trabalhar nesse período”, declarou a Syrah Resources.
“Com o apoio das autoridades governamentais relevantes, mediadores trabalhistas e do sindicato que representa a maioria da força de trabalho, a Twigg repetidamente tentou, de boa-fé, abordar as preocupações e direcionar a resolução de quaisquer reclamações por meio de processos trabalhistas e legais obrigatórios”, acrescentou Syra Resources.
Em Setembro de 2022, num comunicado enviado à bolsa de Sydney, a empresa australiana anunciou a suspensão das operações devido a uma “greve ilegal” organizada por um “pequeno grupo de empregados e colaboradores locais”, sublinhando que estava a trabalhar com representantes de sindicatos e do Governo moçambicano para iniciar negociações com os grevistas.
A mina de Balama iniciou a produção comercial há quatro anos e foi destaque em Dezembro, quando a Syrah anunciou um acordo com a multinacional de veículos elétricos Tesla, que pretende usar a grafite da mina, descrita como um dos maiores depósitos deste tipo de minério “de qualidade” no mundo pela própria companhia australiana.