As perspectivas de sustentabilidade da dívida africana continuam “nebulosas”, uma vez que o baixo crescimento e a inflação elevada põem em causa a estabilidade de muitas economias do continente, afirmou nesta segunda-feira, 29 de Maio, o economista-chefe do Banco Mundial para África, Andrew Dabalen.
“Uma forma de estagflação que se está a instalar é uma das maiores preocupações”, afirmou o economista-chefe, acrescentando que “o crescimento deverá atingir 3,1% em 2023, enquanto a inflação se situa nos dois dígitos em muitas partes do continente”.
Para agravar as preocupações, quase metade dos países da África Subsaariana estão em situação de endividamento ou em risco elevado de estarem em situação de endividamento, de acordo com o Banco Mundial.
“Não esperamos que o número cresça para além do que temos agora”, disse Andrew Dabalen numa entrevista à Reuters, embora tenha advertido que a evolução das condições económicas globais continua a apresentar riscos para essa perspectiva.
A Zâmbia foi a primeira nação africana a entrar em incumprimento da sua dívida em 2020 e o Gana seguiu no final do ano passado. O Chade concluiu as negociações com os seus credores no âmbito do processo do Quadro Comum do G20 em Novembro sem receber uma redução da dívida, enquanto as conversações da Etiópia foram atrasadas por uma guerra civil.
O economista-chefe disse que as negociações de reestruturação da dívida da Zâmbia no âmbito do Quadro Comum “continuam a arrastar-se” e que o processo deve ser equitativo para todos os credores.
Muitos países estão a tomar as medidas necessárias para implementar reformas que servirão melhor os seus objectivos a longo prazo, afirmou, acrescentando que as reformas internas serão sempre superiores às que lhes são impostas pelos financiadores internacionais.
Um número significativo de países do continente encontra-se na posição única de possuir os recursos minerais necessários para um futuro com baixas emissões de carbono, afirmou Andrew Dabalen. “Muitos dos minerais procurados provêm maioritariamente de países africanos. Por isso, podem realmente tentar maximizar as receitas para construir diferentes tipos de economias industrializadas”, sublinhou.