Celebrou-se esta segunda-feira, 29 de Maio, o Dia Mundial da Energia, razão pela qual a Electricidade de Moçambique (EDM) realizou um workshop subordinado ao tema “Eficiência Energética vs Disponibilidade de Energia, Rumo ao Acesso Universal, até 2030”, cujo objectivo era colher subsídios dos principais intervenientes do sector para o exercício de monitoramento da meta estratégica de acesso universal à energia eléctrica.
Na ocasião, o administrador da EDM, Francisco Inroga, intervindo na abertura do workshop, disse que a empresa espera que “Moçambique assista a um incremento em 20% do contributo das energia limpas e renováveis na matriz energética nacional nos próximos 20 anos”, manifestando “orgulho pelo facto de o País estar na dianteira do processo de transição energética, promovida através de parceiras público-privadas nos projectos já em operação”.
Além disso, o responsável da empresa referiu que nos próximos anos “a EDM deverá consolidar a liderança do negócio de energia eléctrica na região Austral de África, garantindo, igualmente, que a electricidade cumpra com o seu papel de impulsionadora do desenvolvimento social e económico do País e da região”, assinalou, para depois apresentar as responsabilidades da empresa neste processo de transição energética: “promover campanhas de uso racional de energia doméstica e industrial, investir em centrais com fontes limpas e renováveis, fomentar e liderar o uso racional de energia eléctrica através de campanhas de poupança de energia e liderar o processo de substituição de lâmpadas domésticas e públicas de alto consumo pelas de baixo consumo”.
O administrador da EDM referiu ainda os benefícios da poupança da energia eléctrica, sublinhado que “se todos pouparmos, adoptando tecnologias e acções de baixo consumo, nomeadamente lâmpadas de baixo consumo ou até solares, construções arejadas e com acesso a muita luz, teremos uma capacidade adicional para expandir a rede eléctrica nacional para todo o País”, lembrando que, “neste momento, a taxa de acesso doméstico é de 49% e para garantirmos o acesso universal até 2030 temos muito trabalho ainda por realizar, pelo que todos podemos contribuir para que tal aconteça”.
Financiamento às Energias Verdes
Sobre o financiamento a iniciativas de energias verdes e renováveis, Francisco Inroga esclareceu que a sua instituição participou recentemente em reuniões com o Banco Africano de Desenvolvimento, focadas na mobilização de financiamento para o sector privado, reconhecendo, porém, que “os investimentos para a redução de emissões de carbono requerem uma avultada soma de capital, que os recursos públicos, por si, não podem cobrir”.
Recorrendo aos dados das Nações Unidas, o administrador da EDM explicou que “o défice por procura de carbono e a oferta são grandes e continuam a aumentar, e nisso, de acordo com o Africa Energy Outlook 2022, somente o investimento anual em energia limpa em países em desenvolvimento precisa de aumentar mais de sete vezes, de menos de 150 biliões de dólares em 2020 para um trilião de dólares em 2030”, vincou. “Com o Banco Africano de Desenvolvimento e a Associação das Empresas Africanas de Electricidade (APUA) poderemos enfrentar os desafios locais e globais, contribuindo para a construção de um futuro energético regional, continental mais resiliente e sustentável”.
Vandalização das Infra-Estruturas
Por sua vez, o porta-voz da EDM, Luís Amado, falou aos jornalistas, na ocasião, sobre as vandalizações das infra-estruturas da empresa: “infelizmente o número de vandalizações não está a baixar, pelo contrário, está a aumentar e aqui, mais uma vez, chamamos a necessidade de todos como moçambicanos lutarmos contra este mal”, apelou, sublinhando que “já vamos para o fim do primeiro semestre e os números rondam já o milhão de dólares em perdas devido às vandalizações. Praticamente, um contador é vandalizado diariamente ao nível de todo o território nacional”.

De acordo com o último Relatório de Rastreamento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável de 2021, Moçambique está entre os 20 países com défice de acesso à electricidade entre o período de 2010 a 2019 e entre os 20 países com défice no acesso a tecnologias e combustíveis para cozinha limpa desde o período de 2015 a 2019. Contudo, nas zonas urbanas, este número é um pouco mais elevado, com 13% da população a conseguir aceder a tecnologias de cozinha limpa assim como a combustíveis para o mesmo efeito.
O acesso à electricidade da rede aumentou de 34% em 2020 para 40% em 2022 (até Julho) e o acesso total dentro e fora da rede é de 44%. No entanto, 17,5 milhões de moçambicanos ainda não têm acesso à electricidade, tanto nas zonas rurais como urbanas.