O Zimbabué procura estabelecer-se como o centro africano de comércio de créditos de carbono com o lançamento da Bolsa de Valores de Victoria Falls e um registo pan-africano de créditos de carbono.
Segundo o portal 360 Mozambique, o país pretende capitalizar a sua posição de 12.º maior produtor de compensações a nível mundial, com planos para negociar créditos de carbono na Bolsa de Valores recentemente criada.
O Governo do Zimbabué pretende atribuir uma parte dos fundos do programa de créditos de carbono tanto para si próprio para os investidores locais, com o objectivo de reter as receitas no país e regular o comércio para aumentar a transparência e o controlo.
De acordo com o panfleto dos organizadores de uma conferência apoiada pelo Estado, o Fórum Africano dos Mercados Voluntários de Carbono, agendado para entre 3 e 9 de Julho na estância de Victoria Falls, o país pretende registar os projectos que geram as compensações num registo de carbono na Bolsa de Valores de Victoria Falls, denominada em dólares.
Em retrospectiva, o Zimbabué está a tentar tornar-se o centro africano de comércio de créditos de carbono, segundo o portal da Bloomberg, citado no 360 Mozambique.
“O fórum tem como objectivo criar um registo pan-africano de créditos de carbono para serem negociados na Bolsa de Valores de Victoria Falls”, diz o panfleto enviado à Bloomberg na última quarta-feira.
“Um dos principais destaques será a assinatura de um Memorando de Entendimento (MOU) entre as principais partes interessadas para estabelecer o Registo Voluntário Pan-Africano de Créditos de Carbono e o Mercado de Carbono da Bolsa de Valores de Victoria Falls”.
De acordo com o anúncio, estão confirmados participantes e oradores da Etiópia, Uganda e Quénia. A Bolsa de Valores de Victoria Falls pretende começar a negociar créditos de carbono em Setembro, esperando capitalizar mudanças significativas na forma como os títulos serão produzidos no país.
O Governo do Zimbabué declarou na semana passada que metade do dinheiro de todos os programas de créditos de carbono passará a ir para os cofres do Estado, com pelo menos 20% direccionados para investidores locais. Todas as iniciativas têm de ser registadas junto do Estado, isto porque a natureza descontrolada do comércio fez com que a maioria das receitas saísse do país.
A declaração do Governo do Zimbabué agitou o mercado mundial de compensações, no valor de dois mil milhões de dólares, que são compradas pelos produtores de gases com efeito de estufa para compensar as suas emissões.”Instruções inesperadas de Governos que argumentam que devem ganhar mais com empreendimentos na sua jurisdição podem pôr em risco a viabilidade do projecto”, sublinhou o Tribunal zimbabueano.
Cada crédito de carbono corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente removida ou impedida de entrar na atmosfera. Numa entrevista anterior, o director executivo da bolsa, Justin Bgoni, havia declarado que a bolsa começará a negociar títulos sancionados pelo Governo do Zimbabué em Setembro.
De acordo com a BloombergNEF, o país da África Austral é o 12.º maior produtor mundial de compensações, com 4,2 milhões de créditos gerados por 30 projectos registados no ano passado. O maior projecto do país, que abrange uma área florestal de 785 mil hectares no norte de Kariba, é gerido em parte pelo South Pole, o maior vendedor de compensações do mundo.