Um estudo da União Internacional para a Conservação da Natureza revela que pelo menos 14 milhões de toneladas de plástico vão parar ao oceano todos os anos. Uma grande parte daquele material acaba no fundo do mar, o que torna a sua recolha uma missão mais complicada.
Para tentar diminuir este problema, uma equipa de investigadores do Instituto Max Planck de Sistemas Inteligentes, em Estugarda, na Alemanha, desenvolveu robots em forma de medusa, o Jellyfish-bot.
Segundo os resultados do projecto, publicados na revista científica Science Advances, o mini robot tem o tamanho de uma mão humana e músculos artificiais, chamados HASEL, que se contraem e expandem como os movimentos de uma medusa real.
Esses movimentos permitem que o equipamento se mova a uma velocidade de aproximadamente seis centímetro por segundo e, mais importante, criem correntes sob o robot. Para as medusas, estas correntes servem para capturar nutrientes, e para os robots o movimento da água é utilizado para capturar poluentes.
“Quando uma medusa nada para cima, pode prender objectos ao longo do seu percurso, pois cria uma corrente à volta do seu corpo. Desta forma, também pode recolher nutrientes”, explica Tianlu Wang, pós-doutorado no Departamento de Inteligência Física do Instituto Max Planck de Sistemas Inteligentes e primeiro autor do estudo, num comunicado de imprensa sobre o projecto.
“A medusa robot é também capaz de recolher amostras biológicas frágeis, como ovos de peixe. Entretanto, não há qualquer impacto negativo no ambiente circundante. A interacção com as espécies aquáticas é suave e quase sem ruído”, acrescenta Wang.
De acordo com o investigador, uma vez que os robots são capazes de deslocar-se e capturar poluentes por contacto físico, a limpeza dos oceanos pode ser feita sem causar um impacto negativo no ambiente circundante.
“Esta informação é especialmente útil para a recolha de objectos, tais como partículas mais pequenas de lixo”, afirma. “O robot pode então transportar o lixo para a superfície, onde pode ser reciclado mais tarde”.
A primeira versão do robot é coberta por um polímero, mas os cientistas estudam usar um material biodegradável no futuro para evitar possíveis danos ao equipamento que libera pedaços desse polímero no mar, já que o objectivo é justamente retirar resíduos do ambiente marinho.
Numa primeira fase, os robots são alimentados por fios finos, o que impede a sua utilização em ambientes oceânicos ou de profundidade. Uma versão sem fios também já está em fase de testes, com uma unidade de flutuação, uma bateria e um microcontrolador.
“Estima-se que 70% do lixo marinho se afunde no fundo do mar. Os plásticos representam mais de 60% deste lixo, demorando centenas de anos a degradar-se. Por isso, vimos uma necessidade urgente de desenvolver um robot para manipular objectos como o lixo e transportá-los para cima”, disse Hyeong-Joon Joo, co-autor do estudo e membro do Departamento de Materiais Robóticos do MPI-IS. “Esperamos que os robots subaquáticos possam um dia ajudar a limpar os nossos oceanos”.