O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, instou esta quarta-feira, 24 de Maio, os países africanos a abandonarem a sua posição de neutralidade em relação à guerra que a Rússia trava na Ucrânia.
Muitos Estados do continente africano recusaram-se a tomar partido no conflito em curso na Europa há exactamente 15 meses, tendo-se vários deles abstido em votações na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que condenavam a invasão russa da vizinha Ucrânia, a 24 de Fevereiro do ano passado. A Etiópia foi um deles.
Falando esta quarta-feira, na capital etíope, Adis Abeba, Dmytro Kuleba afirmou que a Ucrânia está “muito perturbada por alguns países africanos terem optado por abster-se” e exortou-os a dar ao seu país apoio diplomático “perante a agressão russa”.
“A neutralidade não é a resposta”, disse o chefe da diplomacia ucraniano à imprensa, acrescentando: “ao serdes neutros em relação à agressão russa contra a Ucrânia, estais a projectar essa neutralidade sobre violações de fronteiras e crimes em massa que possam acontecer muito perto de vós”.
A Rússia mantém uma presença substancial em diversas zonas de África, onde o grupo de mercenários russo Wagner está activo e efectuou recentemente manobras militares conjuntas com a África do Sul. Moscovo planeia realizar uma cimeira África-Rússia em Julho.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano apelou também aos países africanos para apoiarem o “Plano de Paz de Dez Pontos” proposto em Dezembro pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e sublinhou o desejo da Ucrânia de construir relações mutuamente vantajosas com África, assentes no comércio de energia, tecnologia e fármacos.
“Temos de nos recordar uns aos outros da importância do continente africano para a Ucrânia e da Ucrânia para África”, sustentou, admitindo que a anterior atitude do seu país em relação àquele continente se caracterizava pela “inércia”.
Tanto a Ucrânia como a Rússia fornecem uma quantidade significativa de cereais a África.