O secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, Fikile Mbalula, avisou que o país pode tornar-se um “Estado falhado” se continuarem os cortes de electricidade que há meses se sucedem.
Fikile Mbalula reconheceu, num programa da British Broadcasting Corporation (BBC), que os cortes de energia, que chegam a durar dez horas por dia, são um “desastre” para a África do Sul, pois agravaram uma crise económica que já estava a ser exacerbada pelos elevados níveis de corrupção na classe política.
“A África do Sul está a passar por desafios como muitos outros países (…) Se certas coisas não forem resolvidas, vamos tornar-nos um Estado falhado”, avisou o secretário-geral do ANC, embora tenha garantido que o país, de momento, não está a ir nessa direcção, pelo que seria ainda um exagero” falar nesses termos.
No entanto, Fikile Mbalula reconheceu que, apesar de a situação sul-africana estar dependente da economia global e das consequências da crise do novo coronavírus e agora da guerra na Ucrânia, parte da culpa também é da gestão do actual Governo.
O secretário-geral do ANC considera que o país está a dar bons sinais de recuperação, embora os números sejam ainda muito negativos – 33% de desemprego e 60% da população a viver abaixo do limiar da pobreza, mas admitiu que a actual situação económica, bem como o “calcanhar de Aquiles” da crise de poder no seio do ANC, podem ter consequências terríveis nas eleições de 2024.
A Eskom, principal empresa de electricidade da África do Sul, tem uma dívida de 25 mil milhões de dólares, infra-estruturas obsoletas e centrais eléctricas avariadas, entre acusações de sabotagem, o que conduziu o país à pior crise da sua história.