A problemática do acesso ao financiamento no País continua a ser um tema muito abordado na actualidade, sobretudo nos grandes encontros que juntam representantes do Governo, sector privado e demais parceiros de cooperação.
Recentemente, o PCA da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Valá, afirmou que o acesso ao financiamento ainda constitui uma barreira devido à forma como são apresentados alguns projectos, salientando que, no âmbito da sua concepção, não se tem observado a viabilidade dos mesmos, nem o ambiente de negócio propício. “As pessoas preocupam-se somente em saber se os bancos estão ou não a dar crédito, não olham antes para o tipo de projecto, não analisam se existem condições favoráveis para o acesso ao financiamento, nem se há capacidade para o colocar na prática dentro do nosso ambiente de negócios”, disse.
Intervindo durante a primeira edição do Fórum Económico e Financeiro, mais especificamente no painel sobre “Soluções Alternativas de Financiamento Para o Sector Privado”, Salim Valá explicou que ainda persistem desafios no campo do acesso ao financiamento, a começar pela banca comercial até ao próprio mercado de capitais, havendo, por isso, a necessidade de os empresários começarem a procurar novos meios e mecanismos para desenvolver as suas iniciativas.
“Devemos melhorar o ecossistema. É claro que isso pode levar muito tempo, mas é importante. A BVM tem estado a trabalhar tanto com os bancos como com os outros parceiros do sistema financeiro e, nos últimos tempos, temos notado que as coisas já estão a mover-se. Há ajustes que precisam de ser feitos e não só na parte da regulamentação. Há que conciliar as instituições e a tecnologia, pois esses são factores importantes de acesso aos mercados”, frisou o PCA.
Na mesma linha de ideias, os demais intervenientes secundaram que, para tornar possível o acesso ao financiamento em Moçambique, é importante que se comecem a apostar em meios mais modernos, inovadores e inclusivos, afastando-se, deste modo, do monopólio da banca comercial.
“Não temos financiamento por causa da legislação que dificulta a atracção de novas soluções. O Governo deve criar bancos de desenvolvimento e estes, por sua vez, devem ser sectoriais, de modo que ajudem na disponibilização de crédito. Precisamos aprender mais sobre educação financeira e acesso aos mercados, para que possamos apresentar projectos de qualidade. Devemos procurar soluções permanentes e usar instrumentos facilitadores como é o caso da tecnologia” alertou Gilberto Ngale, oficial da Investimentos Internacional Finance Corporation (IFC).
Partilhando da sua experiência, o representante da PKF Moçambique, Hugo Caetano, frisou ser crucial “procurar linhas alternativas que estejam computorizadas e digitalizadas, isto para conferir facilidades sem muitos constrangimentos e burocracia”.
“As fintechs trazem muita vantagem nos casos de procura pelo acesso ao financiamento, pois ajudam na disponibilização de informação”, concluiu.
A primeira edição do Fórum Económico e Financeiro, iniciativa da Mochi Investimentos, em parceria com a CTA – Pelouro de Políticas e Serviços Financeiros, decorreu na passada quarta-feira, 17 de Maio, na cidade de Maputo, com o objectivo de dinamizar o financiamento do sector privado nacional, de promover debates entre instituições financeiras, sector empresarial e sociedade civil, de informar sobre oportunidades de financiamento para empresas e de aproximar credores e beneficiários de financiamento local de projectos de investimento, contribuindo para a identificação de barreiras e soluções.