A presidente da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP), Nelma Fernandes, defendeu esta terça-feira, 23 de Maio, em Macau, que os países lusófonos podem dar uma grande resposta à produção de alimentos para a China.
Alimentar uma população de cerca de 1,4 mil milhões de habitantes “é algo que carece de um esforço”, disse à Lusa Nelma Fernandes, adiantando que o tecido empresarial lusófono pode dar “uma grande resposta a este nível”.
“Dos países da CPLP, seis são africanos, e estes, juntamente com o Brasil, que é o maior produtor, por exemplo, de soja do mundo, podem contribuir também em termos de algum produto alimentar biológico, não químico”, referiu.
Ao nível do intercâmbio empresarial entre o universo lusófono e a China, Nelma Fernandes afirmou que os países de língua portuguesa “têm alguns sectores de actividade muito bem alinhados da oferta que podem dar” a Macau e à China continental.
“Estamos a falar em termos alimentares, do turismo, do mar fértil e, em troca, buscam industrialização e tecnologia, para complementar os serviços que já têm”, apontou Nelma Fernandes.
Do itinerário da delegação da CE-CPLP, fez parte uma visita à Zona de Cooperação Aprofundada, área criada por Macau em conjunto com a vizinha província de Guangdong em Hengqin (ilha da Montanha), que pode servir a comunidade de países de língua portuguesa para a troca do conhecimento tecnológico.
“Isto pode ser fundamental para os empresários dos países da CPLP virem para Macau, com essa ligação, ainda que estreita, mas com uma vontade cada vez mais crescente da língua portuguesa de também experienciar a vertente tecnológica, porque isso, sim, é algo que lhes falta”, notou.
Sobre o efeito que a pandemia e a adopção em Macau e na China da política zero covid tiveram sobre o sector empresarial da CPLP que se movimenta nesta região do mundo, a responsável sublinhou que se procuraram “outras alternativas” e mercados. “Acho que agora, com essa reabertura, as pessoas têm muito mais percepção, muito mais vontade em recuperar e, se calhar, até superar aquilo que se deixou antes do período pandémico”, observou.
Macau, à semelhança da China continental, adoptou a política covid zero, impondo, ao longo de três anos, rigorosas restrições fronteiriças.
Nelma Fernandes falava à Lusa em Macau, onde se encontra numa “viagem exploratória” de três dias que inclui ainda um encontro com o chefe do Executivo do território, Ho Iat Seng, representantes do secretariado permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) e associações do território.
Sublinhando que esta visita teve um “balanço extremamente positivo”, a presidente da CE-CPLP notou, por parte das autoridades, “uma predisposição em criar uma vertente comercial de trocas empresariais e económicas com os países de língua portuguesa”.
“Diria que se tivesse de dar uma nota de zero a dez, dava dez, porque, efectivamente, foi muito boa naquilo que pode ser uma relação a curto, médio e longo prazo para com este grande mercado, esta grande potência que é a China, através de Macau”, disse.