O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, pediu esta segunda-feira, 22 de Maio, “acções, mais do que palavras”, para os países africanos enfrentarem as alterações climáticas e que os países desenvolvidos andem mais rápido na redução das suas emissões poluentes.
Apontando vários exemplos, desde “a seca na região do Sahel, inundações em Luanda ou os efeitos do ciclone Freddy em Madagáscar e em Moçambique, que causam morte, destruição e milhares de deslocados”, Akinwumi Adesina afirmou que “eles não precisam de palavras, precisam de acção e essencialmente de três coisas: financiamento, financiamento e financiamento”.
O presidente do BAD, que falava num encontro com a imprensa, sublinhou que conseguir captar esses financiamentos, sobretudo de privados, e alavancá-los através de instituições, programas ou produtos financeiros do Grupo BAD – que integra o Banco e o Fundo África de Desenvolvimento – é uma das questões centrais das reuniões anuais que começaram esta segunda-feira, em Sharm el Sheikh, no Egipto, mas com cerimónia oficial de abertura apenas na terça-feira (23).
“Temos estado a discutir esse tema com o nosso Conselho de Governadores, mesmo antes do início destas reuniões”, declarou, mostrando-se optimista de que haverá a aprovação de instrumentos que permitam “depois ser capaz de alavancar mais recursos para esses países”.
Questionado sobre a continuação da exploração de gás natural em vários países de África, o presidente do BAD reafirmou a sua visão de que o continente precisa de uma combinação de diferentes fontes de energia.
E “sim, precisa do gás natural”, sublinhou, lembrando que há mais de 600 milhões de pessoas ainda sem electricidade e milhões de mulheres africanas que continuam a carregar lenha e soprar brasas para poderem cozinhar.
“Cabe aos países desenvolvidos deixar as palavras e moverem-se mais rápido”, disse o presidente do BAD, acrescentando que “os países que não têm recursos vão levar mais tempo a fazer a transição para a economia verde, recordando que a grande maioria dos países mais afectados pelas alterações climáticas são em África, e são países pobres, em desenvolvimento”.
“Vai levar tempo, requer infra-estruturas, tecnologia, etc., mas não devem empurrar os países africanos para algo não fazível. Tem de ser possível e tem de haver financiamento”, insistiu, prometendo trabalho do BAD para “garantir que os financiamentos podem aterrar em África como um avião”, atendendo as exigências de transparência e fiabilidade que os investidores demandam.
Além dos dirigentes das instituições do Grupo BAD, governadores de bancos centrais e representantes governamentais de Governos, os encontros desta semana no Egipto reúnem empresários, gestores de fundos de pensões e de capitais de investimento para debater os diferentes instrumentos e a possibilidade de os utilizar em larga escala no continente.
Os participantes discutirão também formas, a nível nacional e internacional, de superar barreiras à implementação dos instrumentos financeiros a examinar, que incluem obrigações e empréstimos verdes, obrigações sustentáveis, empréstimos relacionados com a sustentabilidade e trocas de dívida.