A Tanzânia concluiu as negociações com um consórcio internacional de energia para um projecto de exportação de gás natural liquefeito, há muito adiado, no valor de 40 mil milhões de dólares, abrindo caminho para a assinatura de acordos finais nas próximas semanas.
O consórcio, liderado pela Equinor, Shell e Exxon Mobil, quer desenvolver uma fábrica de GNL (Gás Natural Liquefeito) em terra ao sul da Tanzânia, perto de enormes campos de gás offshore, mas as negociações do projecto foram paralisadas por mais de um ano antes de serem retomadas em 2021, quando a Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, assumiu o cargo.
O representante da Shell na Tanzânia, Jared Kuehl, disse que “importantes negociações com o Governo da Tanzânia foram concluídas”. Numa declaração publicada no LinkedIn, Kuehl acrescentou que os principais acordos – o chamado Acordo de Governo Anfitrião (HGA) e um Acordo de Partilha de Produção (PSA) – podem ser assinados “nas próximas semanas”.
Charles Sangweni, negociador-chefe do Governo tanzaniano nas conversações sobre o GNL, afirmou que o HGA proposto terá de ser aprovado pelo Conselho de Ministros e pelo Parlamento da Tanzânia antes de entrar em vigor, e que o investimento total do projecto poderá ascender a 42 mil milhões de dólares.
“O meu desejo é que o HGA possa ser assinado dentro de um mês ou dois”, disse Charles Sangweni numa entrevista.
Os acordos alcançados após 18 meses de conversações incluem um contrato de arrendamento marítimo, um contrato de arrendamento de terras e um acordo de segurança, enquanto o exército tanzaniano será responsável pela segurança do projecto, sublinhou o negociador-chefe do Governo tanzaniano.
Os outros parceiros do consórcio são a MedcoEnergi e a Pavilion Energy da Indonésia, juntamente com a empresa petrolífera nacional da Tanzânia TPDC.
O projecto de GNL poderá fazer da Tanzânia um importante interveniente no mercado do gás, uma vez que o Ocidente está a tentar reduzir a dependência da energia russa na sequência da invasão da Ucrânia pelo Presidente russo Vladimir Putin. Esta urgência deu novo ímpeto ao esforço da estadista tanzaniana para avançar com o projecto.
Segundo a Bloomberg, citando analistas, com reservas de gás natural recuperáveis estimadas em mais de 57 biliões de pés cúbicos, a Tanzânia, juntamente Moçambique, poderá emergir como o novo centro de GNL de África.