A bolsa nova-iorquina encerrou esta terça-feira, 16 de Maio, em baixa, com os investidores inquietos com o consumidor dos EUA, mas também com a perspectiva de taxas de juro elevadas durante mais tempo do que o admitido até agora.
Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice selectivo Dow Jones Industrial Average cedeu 1,01%, o tecnológico Nasdaq recuou 0,18% e o alargado S&P500 perdeu 0,64%.
A praça bolsista tinha começado mal, depois de conhecer os resultados da Home Depot, que fechou, aliás, em baixa de 2,51%, que apresentou, antes da abertura da sessão, um volume de negócios trimestral muito inferior ao esperado, mencionando pressões sobre a procura.
“Isto derrubou toda a gente”, comentou Steve Sosnick, da Interactive Brokers. “Não foi nada bom”, insistiu.
O analista sublinhou que o trimestre contabilístico da Home Depot fechou no final de Abril, o que o torna numa espécie de indicador mais actual do que os balanços apresentados pela maior parte das empresas, relativos aos primeiros três meses do ano.
A impressão foi confirmada com a divulgação das vendas do comércio retalhista nos EUA, em Abril, que cresceram 0,4% em termos mensais, quando os economistas esperavam o dobro: 0,8%.
Ao mesmo tempo, outros indicadores mostraram um quadro mais positivo da conjuntura económica dos EUA, nomeadamente a produção industrial, que aumentou 0,5% em Abril, quando se esperava que saísse estável.
“Estes números são elevados e próprios para dissuadir a Reserva Federal (Fed) de descer a sua taxa de juro de referência no curto prazo”, estimou Steve Sosnick.
Esta impressão foi reforçada com as declarações de vários administradores da Fed, nos últimos dias, que defenderam a ideia da manutenção da taxa a um nível elevado a médio prazo, com alguns a defenderem mesmo subidas suplementares, destacou Jack Ablin, da Cresset Capital.
O panorama bolsista geral foi aliviado por alguns desempenhos do sector tecnológico. “Privilegia-se a qualidade e as mega capitalizações, como a Alphabet, que acabou em alta de 2,68% ou a Amazon (+1,98%)”, afirmou Jack Ablin. “E há também a vaga da inteligência artificial (IA), que aproveita aos actores mais visíveis desta tecnologia”, acrescentou.
A audição no Congresso de Sam Altman, presidente da OpenAI, que criou o ChatGPT, ocorrida ontem, colocou, como se fosse preciso, mais luz sobre a IA e as suas vastas possibilidades.
“Sempre houve muito entusiasmo com tudo o que tem que ver, de perto ou de longe, com a IA”, notou Steve Sosnick.