Depois da conclusão da visita ao País de uma equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI), há aproximadamente duas semanas, em que se apelava à redução das despesas públicas, o representante residente daquela instituição internacional em Moçambique, Alexis Meyer, voltou a enaltecer a necessidade do Estado moçambicano “diminuir os gastos excessivos” com a função pública.
“Não é uma questão de redução de salários. O que vemos é que houve um gasto excessivo no funcionalismo público. Se olharmos para 2022 e imaginarmos que 80% das receitas foram usadas para gastos com o pessoal, então sobra pouco para o serviço da dívida. As despesas com a função pública têm um peso muito grande dentro do Orçamento do Estado”, explicou Alexis Meyer.
E, para fazer valer o seu ponto de vista, o representante do FMI socorreu-se de uma comparação entre a situação nacional com a dos outros países da região: “a média dos gastos do funcionalismo público na África Subsaariana está em torno de 8% do PIB. Em 2022, em Moçambique, foi o dobro disso. Acho, pois, importante pensarmos nessas variáveis no contexto regional e no contexto histórico, tanto é que Moçambique saiu de um patamar muito mais baixo (em torno dos 7% a 8% entre 2010 e 2011) e tivemos esse incremento bastante elevado”, assinalou.
No que toca aos mecanismos internacionais de financiamento à economia nacional, Alexis Meyer explicou ainda que o financiamento internacional através de empréstimos concessionais tem estado a diminuir na região Subsaariana, o que se reflecte igualmente em Moçambique. “Há necessidade de substituir esses modelos de financiamento por recursos domésticos, sendo que os bancos nacionais acabam por assumir esse papel, mas também, neste contexto, é importante que se mantenha uma política fiscal cuidadosa, pois há cada vez menos acesso aos diferentes recursos” vincou.
Sobre as Políticas Monetárias do Banco de Moçambique
Muitas Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) têm-se queixado das elevadas taxas de juro praticadas pela banca, o que não lhes permite aceder ao crédito para se financiar, situação que reflecte a política do Banco Central que, para conter a inflação, tem estado, nos últimos meses, a rever em alta a prime rate do sistema financeiro, que está agora fixada em 23,50% para o mês de Maio.
Questionado sobre as medidas tomadas pelo Banco de Moçambique para controlar a inflação, Alexis Meyer referiu que “a política monetária da instituição reagiu com bastante antecipação a essa dinâmica de crescimento de inflação, o que fez com que esta regressasse abaixo dos dois dígitos”, disse, para depois esclarecer que “mostrámos aqui um gráfico onde decompomos a inflação. Se eliminarmos o preço do combustível e dos alimentos, a inflação acaba por ficar abaixo de 4%”, realçou.
A primeira edição do Fórum Económico e Financeiro, iniciativa da Mochi Investimentos, em parceria com a CTA – Pelouro de Políticas e Serviços Financeiros, decorreu esta quarta-feira, 17 de Maio, na cidade de Maputo, com o objectivo de dinamizar o financiamento do sector privado nacional, de promover debates entre instituições financeiras, sector empresarial e sociedade civil, de informar sobre oportunidades de financiamento para empresas e de aproximar credores e beneficiários de financiamento local de projectos de investimento, contribuindo para a identificação de barreiras e soluções.