A empresa moçambicana de transporte de passageiros Maningue Nice paralisou a actividade em todo o País, devido à degradação da Estrada Nacional Número 1 (N1), que transformou a operação em prejuízo.
“Fomos obrigados a parar, porque estávamos a trabalhar para peças, sem receita, sem poder pagar salários nem dívidas aos bancos”, avançou o administrador da companhia Bakari Shemwaliku à Lusa.
Rotas que os autocarros da companhia percorriam em dois dias, ligando as províncias, passaram a fazer em três, aumentando o esforço financeiro da empresa, acrescentou.
O administrador da Maningue Nice referiu que a empresa estará fora de circulação durante um ano, mas pode reduzir o tempo de paralisação, no caso de obras que tornem os troços da N1 transitáveis.
Devido ao aumento do tempo de viagem, muitos passageiros desistiram de fazer deslocações por estrada entre as províncias, agravando a queda de receitas dos transportadores, observou Bakari Shemwaliku.
“As pessoas só viajam pela N1 em caso de emergência”, enfatizou.
Com a decisão, a Maningue Nice deixa de fazer ligações para Maputo, Tete e Niassa.
A empresa, com sede na província de Nampula, norte de Moçambique, era muito activa nas regiões norte e centro.
Em Março, o vice-presidente para o pelouro de cargas da CTA-Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Flávio Naiene, disse à Lusa que viajar pela N1 “é um grande martírio”, quer no transporte de carga, quer no transporte de passageiros, devido ao total estado de degradação da via.
“Temos de ‘namorar’ os buracos. Se não forem ‘namorados’, o camião fica pelo caminho”, descreveu Flávio Naiene.
O Governo anunciou em Março o arranque da primeira fase das obras de reabilitação da N1 até ao final deste ano, com um financiamento de cerca de 400 milhões de dólares que o Banco Mundial aprovou em Agosto.
“Foram realizados levantamentos em toda a extensão da N1, tendo sido identificados troços em más condições que apontam para a necessidade de reabilitação de 1053 quilómetros dos cerca de 2600 da extensão total”, explicou, em comunicado, o Ministério das Obras Públicas.