O custo do projecto de gás natural liquefeito (GNL) da Tanzânia aumentou para 42 mil milhões de dólares, ultrapassando as estimativas iniciais e tornando-se o maior projecto energético da África Oriental e Austral, relata o portal 360 Mozambique.
O projecto visa desenvolver os 57,54 triliões de pés cúbicos de gás descoberto na Tanzânia até 2028, com a participação da Shell e da Equinor como parceiros principais, posicionando o país como o gigante do GNL da região.
Apesar do aumento dos custos e do prolongamento do prazo, países vizinhos como o Uganda e o Quénia já assinaram acordos para comprar o GNL da Tanzânia, demonstrando o potencial de cooperação energética regional e de utilização de recursos energéticos limpos.
Enquanto se prepara para assinar o acordo com o Governo anfitrião e iniciar o projecto de engenharia inicial daquele que se tornará o maior projecto energético da África Oriental e Austral, a Tanzânia estima que o custo de desenvolvimento do seu projecto de gás natural liquefeito seja de 42 mil milhões de dólares após a análise técnica mais recente.
O custo inicial previsto para o projecto offshore era de 30 mil milhões de dólares, mas algumas fontes actuais da indústria apontam para 40 mil milhões de dólares.
“Estão a ser feitas muitas análises. A análise técnica recente mostra que a perfuração offshore e a tubagem irão aumentar o projecto para 42 mil milhões de dólares”, disse o secretário permanente do Ministério da Energia da Tanzânia, Felchesmi Jossen Mramb.
Em Kampala, a Tanzânia apresentou 26 áreas de exploração adicionais, tanto em terra como no mar, que estarão em disputa até ao final do ano na primeira ronda de licenciamento do país desde 2013, com o objectivo de encontrar mais hidrocarbonetos.
O ministro da Energia, January Makamba, havia declarado em Março que as negociações do projecto tinham chegado ao fim e que os contratos estavam agora a ser redigidos, incluindo um Acordo com o Governo Anfitrião (HGA) e um relativo à ligação dos Blocos 1, 2 e 4. Os blocos 1 e 4 são explorados pela Shell e o bloco 2 pela empresa norueguesa Equinor.
Após a assinatura do HGA, o projecto iniciará os estudos de viabilidade pré-front end engineering design (FEED), que levarão dois anos, de acordo com Shigela Malosha, director de contratação e licenciamento da Autoridade Reguladora do Petróleo Upstream. Isto resultará no FEED, que levará mais três anos.
Shigela Malosha advertiu que a decisão final de investimento do projecto está prevista para 2028, em vez de 2025, como tinha sido antecipado, com a construção prevista para três anos e meio a cinco anos, dependendo da tecnologia utilizada.
“O Uganda e o Quénia assinaram um memorando de entendimento com a Tanzânia para comprarem o seu GNL, estando as infra-estruturas necessárias para o transporte do produto na fase inicial de planeamento”, afirmou o responsável aos delegados da EAPCE (East African Petroleum Conference and Exhibition 2023).
Davis Chirchir, secretário de Estado da Energia do Quénia, afirmou, por sua vez, que o plano energético regional deverá incluir acordos que permitam aos países beneficiar das iniciativas de energia limpa dos seus vizinhos, como o gás natural da Tanzânia, a energia hidroeléctrica do Uganda e os recursos geotérmicos do Quénia.
Está previsto o desenvolvimento de 810 km de uma rede de gás natural na Tanzânia. Duas mil casas no país já estão ligadas a infra-estruturas de gás natural e as centrais eléctricas de Songo Songo e Mnazi Bay utilizam gás natural em terra para gerar 62% dos 1100 MW de energia instalados no país.