Um especialista da consultora KPMG, referiu na passada sexta-feira, 12 de Maio, que o valor acrescentado bruto (VAB) da produção industrial em Angola cresceu 0,8% em 2021, abaixo da média e em contra-ciclo com a região da África subsaariana que aumentou 4,8%.
Fernando Mascarenhas, que falava no 3.º Fórum Indústria, organizado pelo jornal angolano Expansão, alertou para o facto de Angola estar a divergir da região onde se insere em termos de produção industrial, apesar de ter recuperado entre 2021 e 2022.
“Andamos em contra-ciclo e é fundamental apanharmos este comboio”, sublinhou o ‘partner’ da consultora KPMG, indicando que houve um decréscimo do VAB sectorial desde 2018, em valores absolutos, bem como uma perda de peso relativo sobre o Produto Interno Bruto (PIB).
O especialista apontou exemplos de outros países para demonstrar o impacto dos investimentos em infra-estruturas, como estradas, aeroportos, portos e ferrovia sobre o VAB industrial, como o Quénia onde o VAB da indústria cresceu 6,9% em 2021, o Ruanda (10,5%) ou a Etiópia.
Indicou, por outro lado, algumas áreas que estão a ser desenvolvidas em Angola e cujo potencial deve ser maximizado como as energias renováveis e a criação de parques industriais, salientando que é fundamental aumentar a integração e acelerar os programas de suporte ao desenvolvimento industrial.
O ministro angolano da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, congratulou-se na sessão de abertura do fórum com os resultados do sector no ano passado, tendo em conta que o PIB real da indústria transformadora teve um crescimento acumulado de 7,7% nos últimos cinco anos e cresceu cerca de 6% no ano passado, dados que tinham sido apresentados em Março pelo Presidente angolano da República.
O governante sublinhou que a estabilidade política e social que Angola vem conhecendo ao longo dos últimos 20 anos permitiu que a indústria transformadora se estabelecesse de forma resiliente, apesar dos constrangimentos do covid-19 e da economia global e insistiu no foco da produção nacional, diversificação e exportações não petrolíferas.
Invocou ainda várias medidas e reformas que o Governo tem levado a cabo, inclusive no âmbito jurídico-institucional, e que permitiram uma perspectiva de crescimento industrial sustentada em mais de 160 projectos, contribuindo para reduzir importações e para a empregabilidade.