A multinacional Gemrock anunciou a retoma das atividades de exploração de rubis em Cabo Delgado, quase sete meses depois dos ataques às instalações mineiras da empresa, referiu a administração.
“Nós estamos muito gratos pelo apoio que o governo prestou para aumentar a segurança”, referiu Ian Charles Hannam, fundador da Gemrock, ao anunciar o regresso ao trabalho numa conferência de imprensa em Pemba, na quarta-feira.
“Deram-nos forças de defesa e segurança para aumentar a segurança na área e nós, como empresa, também vamos ampliar essa segurança”, disse Hannam, explicando o recurso a ‘drones’, guarda canina e outros meios eletrónicos.
Toda a segurança vai abranger também as aldeias onde vivem os trabalhadores, acrescentou.
“Estive aqui uma semana e acredito que é seguro voltarmos a reabrir as atividades”, acrescentou Colin John Andrews, diretor de operações da Gemrock, antes de voltar a Londres.
Ao cabo de sete meses, Hannam referiu que “houve prejuízos enormes” com a empresa parada e sem receita “para conseguir pagar aos funcionários” – cerca de 500 -, referindo que a principal vítima foi “a economia local”.
No entanto, a segurança é primordial: “Os equipamentos podem-se substituir, mas a vida das pessoas não”, salientou.
“Queremos ajudar Moçambique a desenvolver-se e as pessoas da região a ganharem dinheiro e serem prósperas. Tudo o que queremos que o Governo faça é dar-nos espaço de trabalho e segurança, é simples”, concluiu.
A Gemrock é uma das empresas que exploram rubis e grafite na faixa sul de Cabo Delgado, encostada à província de Nampula, e que até 2022 esteve livre dos ataques armados que afetavam o extremo nordeste, em Palma e Mocímboa da Praia, junto aos projetos de gás.
Com o reforço militar a nordeste, a violência foi surgindo para sul.
As empresas mineiras tiveram vários episódios de evacuação de instalações e suspensão de atividades devido a ataques nos seus espaços ou nas imediações, em 2022, mas a segurança melhorou e a atividade tem sido retomada.
Esta insurgência armada que Cabo Delgado enfrenta há cinco anos tem contado com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.