Um relatório da NewsGuard, uma ferramenta de jornalismo e tecnologia que avalia a credibilidade de sites de notícias e informações e rastreia a desinformação online, identificou 49 “sites de notícias”, com conteúdos gerados através da inteligência artificial (IA).
A maioria dos sites publica notícias de política, saúde, meio ambiente, finanças e tecnologia, em grande quantidade. O objectivo, segundo os investigadores, é ter conteúdo para pôr anúncios lucrativos.
“Quase todo o conteúdo apresenta linguagem branda e frases repetitivas – marcas da inteligência artificial. Alguns publicam centenas de artigos por dia”, revelaram os autores do estudo, ao portal The Guardian.
O conteúdo falso gerado pela IA foi descoberto ao pesquisar mensagens de erro comuns em serviços como o programa de inteligência artificial, ChatGPT. “Os 49 sites identificados publicaram pelo menos um artigo que continham mensagens de erro frequentemente encontradas em textos gerados por IA”, lê-se no relatório.
O nível de alcance não foi o mesmo em todos os sites. O ScoopEarth.com tem 124 mil seguidores no Facebook, um número preocupante. No outro extremo, aparece o FilthyLucre.com, “site de finanças”, que não conseguiu atrair seguidores.
São 49 sites, gerados por vários modelos de IA, em sete idiomas: inglês, chinês, checo, francês, português, filipino e tailandês. Quase metade dos sites não tem nenhum registo de propriedade, lê-se no portal Zap Aeiou.
A polícia chinesa lançou uma investigação a um portal de notícias que usava o ChatGPT, para gerar e divulgar artigos falsos, com o objectivo de obter grandes quantidades de tráfego e lucro.
Os agentes descobriram inicialmente um artigo na Internet que informava do descarrilamento e incêndio de um comboio em Pingliang, na província ocidental de Gansu, que resultou em vários mortos.
Após verificar que se tratava de informação falsa, a polícia abriu uma investigação e descobriu que o artigo foi publicado por 21 contas do Baidu (o principal motor de buscas chinês), criadas por uma empresa com sede em Shenzhen, no sul da China.
O representante legal da empresa, de sobrenome Hong, e o seu irmão mais novo são suspeitos de fabricar e espalhar boatos. Segundo a polícia, o irmão mais novo de Hong comprou um grande número de “contas Baijia”, um serviço fornecido pelo Baidu que permite aos utilizadores criar e difundir conteúdo original, e editou as notícias com recurso ao ChatGPT, que gera textos a partir de palavras-chave. O objectivo era obter uma grande quantidade de tráfego e lucro através da difusão de notícias sensacionalistas e falsas.
A polícia prendeu o irmão mais novo e congelou as contas bancárias relacionadas com o caso. A investigação ainda está em andamento. A agitação em torno do ChatGPT na China também tem levantado dúvidas sobre a aplicação deste tipo de tecnologia no país asiático, devido à forte censura imposta pelas autoridades.