O assunto das mudanças climáticas que têm afectado o mundo no geral continua a levantar grandes debates, pelo facto de influenciar negativamente o desenvolvimento de alguns países africanos, sobretudo os da região austral que constantemente registam tempestades de alta magnitude.
Debatendo nesta quarta-feira (26), durante a 9.ª edição da Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique (MMEC), num painel de alto nível subordinado ao tema “Os desafios do sector energético e o caminho a seguir pelos países da região durante as próximas três décadas”, dirigentes de Moçambique, Maláui, Zimbabué e Tanzânia foram unânimes ao afirmar que o sector energético em África está ameaçado, devido ao fenómeno das mudanças climáticas que constantemente têm afectado o seu progresso.
“Devemos reflectir muito sobre a questão do clima: Recentemente, dois países (Maláui e Moçambique) foram afectados pelo ciclone Freddy que causou muita destruição e prejuízos. Estas tempestades são um grande desafio para o sector energético e condicionam a execução de projectos ligados a área”, avançou o ministro malauiano da Energia, Ibrahim Matola.
Monica Chang’anamuno, ministra malauiana da Mineração, explicou que “ninguém é responsável pelas mudanças climáticas, sendo por isso importante que procuremos mecanismos para prevenir e responder a eventuais ocorrências”.
Os governantes salientaram que é crucial que sejam formuladas políticas sobre a questão da energia, pois a mesma é força motriz para o desenvolvimento da industrialização.
“Devemos criar a integração de todos os países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Instamos inclusive a sociedade civil para que colabore para o alcance dos nossos objectivos por forma que deixemos de depender de certos recursos. Devemos dispor de elementos tangíveis e, enquanto região, precisamos de trabalhar de mãos dadas para que o acesso à energia chegue a todos, trazendo mais investidores”, disse Ibrahim Matola.
Partilhando das mesmas ideias, January Yusuf Makamba, ministro tanzaniano da Energia, frisou que há necessidade de se harmonizar as políticas regionais, para que todos sigam a mesma linha de ideia. “Precisamos que o Parlamento da SADC passe em revista as normas adequadas, pois as leis de energia existentes já estão ultrapassadas, sobretudo agora, que estamos a entrar para a era das renováveis”.
“Nos nossos países precisamos de energia adequada, a hidroeléctrica já não é suficiente. Devemos explorar as renováveis. Sugiro a criação de uma única rede de energia solar para a região, mas há que saber se estamos realmente preparados para essas mudanças que nos vão ajudar a desenvolver”, sugeriu Monica Chang’anamuno.
Por seu turno, Carlos Zacarias, ministro moçambicano dos Recursos Minerais e Energia, acrescentou que “deve haver incentivos para que sejam atraídas empresas que venham investir em África. Vamos começar a ensinar as futuras gerações e dotá-las de conhecimentos tecnológicos para que possam desenvolver e entrar na ronda da transição energética. Precisamos de estar vivos e unidos. É chegada a hora de nos desenvolvermos”, vincou Carlos Zacarias.